TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL EXIGE BASTANTE EMPENHO
Experiência e qualificação. São esses os principais atributos para ser trabalhador da construção civil. Mas, com o crescimento do mercado imobiliário, falta mão de obra para atender às dezenas de obras. No Grande ABC, para se ter uma ideia, o número de lançamentos de imóveis, por parte das construtoras, disparou no primeiro semestre.
Outra característica da categoria atuante nas sete cidades é a origem. Cerca de 60% dos funcionários são migrantes das regiões Norte e Nordeste, sendo que o maior número é proveniente dos Estados do Piauí e Pernambuco.
"Muitos são trazidos pelos parentes, que já moram aqui. Quando a pessoa não tem familiares na cidade, a alternativa, muitas vezes, é morar na obra. Cerca de 20% dos meus operários se instalam nos empreendimentos que estão sendo construídos", conta Sérgio Ferreira dos Santos, dono da Dunas Construtora e Incorporadora, de Santo André.
O volume de trabalhadores casados nas empresas chega a variar de 50% a 80%, sendo este o índice também para aqueles que têm filhos. A faixa etária desses trabalhadores vai de 30 até 50 anos.
O encarregado de obra Claudio de Oliveira, 36 anos, exemplifica bem o trabalhador da construção civil nas sete cidades. Ele veio de Pernambuco com 17 anos, e começou a trabalhar como servente de pedreiro, seguindo assim, os passos do pai. Como não tinha moradia, ficava instalado nas obras onde trabalhava. Depois de um tempo, com o ganho de experiência, passou a carpinteiro. "Fui crescendo dentro da minha profissão. Aprendi com os mais velhos", conta.
Hoje, Oliveira é encarregado de obra e tem até a sexta série, do Ensino Fundamental. Mas, há um ano, concluiu um curso técnico no Senai. "Estou casado, tenho uma filha e conquistei a casa própria", diz orgulhoso. O encarregado cuida de duas obras no momento, uma em Mauá e outra em São Caetano, e administra cerca de 18 operários por construção.
Remuneração depende de escolaridade e função exercida
Com o tempo de experiência é natural que os trabalhadores, seja na área da construção civil, ou em qualquer outra, alcancem novas funções. A remuneração acompanha este crescimento. Segundo diretora-adjunta da regional de Santo André do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Rosana Carnevalli, o piso salarial da categoria é de R$ 830 para funcionários não qualificados (serventes e ajudantes). Aqueles que já possuem algum tipo de especialização recebem o piso de R$ 992 (pedreiros, carpinteiros, armadores). Encanadores, eletricistas e pintores possuem o mesmo salário (R$ 992), mas podem receber um pouco a mais, pois são remunerados, também, pela produção. Já no caso do encarregado de obra, o salário oferecido gira em torno de R$ 3.000.
"O que conta muito é quando o trabalhador faz curso técnico. Ele passa a ter noções, acima de média, de vários setores dentro da obra", esclarece Rosana.
Pensando nisso, o SindusCon-SP lançou em agosto, em parceria com o Sesi-SP, o Programa de Elevação de Escolaridade, com objetivo de elevar o nível escolar dos trabalhadores da construção civil referente aos primeiros anos do Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries). além disso, o curso aperfeiçoa conhecimentos relativos à língua portuguesa e matemática, no que diz respeito a todas as atividades sociais nas quais eles estão inseridos.
O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, lembra que o setor abriu mais de 1 milhão de postos de trabalho nos últimos cinco anos. "Grande parte deste contingente ainda precisa de treinamento e o setor deve se mobilizar para capacitar sua mão de obra", afirma.