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MÓVEIS ENCOLHEM PARA CABER EM CASA

03.02.2011

A indústria de móveis planejados do Grande ABC precisou rever os projetos para se adaptar ao estilo dos novos imóveis que estão sendo vendidos na região. No caso dos imóveis de 50 m², por exemplo, a área útil destinada aos dois quartos e cozinha é de 37 m². Especialistas do setor dizem que é preciso fazer mágica para colocar todos os itens necessários e ainda deixar espaço para circulação. Para isso, vale ocupar todos os espaços. "Ou é isso ou quando o cliente sentar no sofá da sala vai encostar o joelho na televisão", diz o presidente do Sindicato da Indústria de Móveis do Grande ABC, Hermes Soncini.

"As pessoas não procuram mais sofás de dois e três lugares. Esses móveis não cabem no espaço dos apartamentos vendidos por aqui. É preciso um modelo único, de quatro lugares, com braços e encostos pequenos", orienta.

Hoje, a área média de um apartamento popular no Grande ABC, vendido por cerca de R$ 173,5 mil, é de 53,5 m². No entanto, a metragem inclui, além dos dois quartos, sala e cozinha, área da lavanderia, banheiro e sacada. "Por isso é fundamental que os móveis sejam planejados. Qualquer centímetro fará diferença", pontua a gerente de uma loja de móveis para quartos em São Bernado, Sonia Scadelai.

Com grande parte dos imóveis vendidos em 2010 sendo entregue neste semestre, a expectativa do setor é de expandir as vendas de planejados em até 20% neste ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado. No entanto, a demanda maior deixou móveis até 10% mais caros. "Tudo depende da qualidade que o cliente busca, mas dá para agradar todos os bolsos", diz o gerente de marketing de uma rede do setor, Edson Busin.

Apesar dos valores mais altos, o maior desafio dos projetistas é colocar dentro do espaço o sonho idealizado pelos casais. "Nestes espaços menores, uma cama queen size, por exemplo, é impossível. Ou entra ela ou o armário", pontua Sonia. A medida normal de uma cama é de 1,38 m de largura, enquanto a queen é 20 centímetros maior.

Para os lojistas, os móveis da cozinha são os mais problemáticos. "Você precisa pensar no que quer antes. Uma geladeira de duas portas é inviável. Fogão de seis bocas também. Agora, se o cliente bater o pé, projetamos para tentar incorporar esses itens", explica uma vendedora que prefere não se identificar.

Com tantos pormenores, o orçamento dos itens não sai por menos de R$ 12 mil, mas os lojistas preferem não falar em preços. "É preciso sentar e conversar, porque isso realmente depende do que a pessoa vai querer", atesta Sonia.

GIGANTES LIDERAM - Mesmo com o crescimento da demanda, o presidente do sindicato afirma que no ano passado não houve aumento nas vendas. "Temos um mercado muito pulverizado. Há muitas lojas atendendo e também empresas de fundo de quintal. Isso dificulta um crescimento expressivo", salienta Soncini.

No entanto, números de uma das gigantes do setor, proprietária de duas marcas líderes no segmento, avaliam que houve expansão de 23% nas vendas só em 2010, com faturamento de R$ 400 milhões. "Esse é outro mercado totalmente diferente do que trabalhamos. O Grande ABC tem muitas micro e pequenas empresas que não têm a mesma facilidade para negociar material que as grandes. Isso impacta muito no final", conclui Soncini.

 

Classe C faz com que indústria invente produtos multiuso

A diminuição do tamanho dos apartamentos e a chegada da classe C no mercado dos planejados obrigou o setor a rever projetos. Com a intenção do consumo em alta, mas interessada em preço e nas condições de financiamento, esses consumidores buscam ocupar os espaços dos apartamentos de maneira a ter o mínimo de móveis possíveis, mas que agreguem utilidades.

"Com isso precisamos pensar em mesas que se escondam embaixo da bancada da cozinha para dar espaço ao sofá numa casa de quatro pessoas, por exemplo", diz Hermes Soncini, que atesta que toda a indústria da região já planeja novos designs para este ano.

De olho nesse mercado, uma gigante do setor, proprietária das duas principais marcas do segmento moveleiro, lançou uma terceira linha, focada principalmente nesse público. "Fechamos 2010 com 380 lojas exclusivas. Esta marca já representa cerca de 20% do faturamento da empresa. Projetamos finalizar o ano com 400 lojas", diz Edson Busin, gerente de marketing da rede.

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