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SETEMBRO TEM BAIXA RECORDE DE EMPREGOS

14.10.2011

O nível do emprego no Grande ABC, apurado pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, em setembro teve o pior resultado para este mês desde 2005. De acordo com a pesquisa realizada pela entidade, houve a eliminação de 350 postos de trabalho nas associadas às diretorias regionais do Ciesp, o que significou a retração de 0,13% frente ao total de pessoas empregadas nessas companhias em agosto. O movimento foi semelhante ao do Estado de São Paulo, em que houve queda de 0,23% (sem levar em conta ajustes sazonais), com o fechamento de 6.000 postos.
A variação negativa, tanto na região quanto em âmbito estadual, ocorre em um período em que, em anos anteriores, costumava haver geração de vagas por causa do aquecimento da produção do setor industrial para atender as encomendas do varejo para o fim do ano, observa André Rebello, assessor de assuntos estratégicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. No mesmo mês de 2010, o setor industrial do Grande ABC teve variação positiva de 0,71%, com a geração de 1.550 postos, por esse levantamento.
Segundo Rebello, essa retração reflete, em parte, as mudanças no crédito, a partir do fim do ano passado (com medidas do Banco Central para restringir o financiamento de longo prazo), e as elevações nas taxas de juros ao longo do primeiro semestre.
Além disso, houve forte substituição da produção local por itens importados neste ano - o setor nacional de autopeças, por exemplo, contabiliza deficit comercial de US$ 3,2 bilhões de janeiro a agosto, como resultado de importações de US$ 10,6 bilhões e exportações que somam US$ 7,4 bilhões. "Os juros determinam a redução da demanda, mas a importação já vinha tomando espaço (dos itens nacionais)", afirma.
Para o diretor titular do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte, esse é um desastre anunciado, consequência da valorização cambial (o real forte frente ao dólar) nos últimos anos). "Desde 2005, exportamos (o Brasil) 650 mil postos de trabalho por conta dessa política de câmbio", afirma.
A desindustrialização (ou seja, a substituição da produção local pela importação) contribuiu, segundo os representantes do setor, para a eliminação de postos de trabalhos nos segmentos de metalurgia (-0,61%) e veículos automotores e autopeças (-0,08%).
Diadema, que tem presença significativa de pequenas indústrias de autopeças, registrou retração de 0,43% no índice de emprego no mês, enquanto Santo André (a diretoria regional do Ciesp nessa cidade abrange também Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) teve redução de 0,48%. Em sentido oposto, São Bernardo ainda observa alta de 0,19% e São Caetano, alta de 0,39%.
Apesar do desempenho favorável em São Bernardo há, a cada mês, ritmo de contratações decrescente, o que também mostra que o cenário é menos favorável para a indústria, cita o diretor titular da regional nesse município, Hitoshi Hyodo.
 
Saldo ainda é favorável no acumulado do ano
 
No acumulado do ano até setembro os níveis de emprego industrial no Grande ABC, e também no Estado, ainda apontam crescimento.
No levantamento junto às quatro diretorias regionais do Ciesp (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema), há variação positiva de 2,54%, que representa acréscimo de 6.350 vagas. Toda a indústria paulista contabiliza expansão de 3,87%, com a geração de 100 mil postos de trabalho.
O desempenho ainda é positivo, mas a projeção da Fiesp é de que o ano fechará com alta de apenas 0,5% ou bem próximo de zero. "Vamos perder os empregos que foram gerados no primeiro semestre", prevê André Rebelo.
Rebelo afirma que a retração no emprego ainda não se deve à crise na Europa. O diretor titular do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte, tem avaliação semelhante. "Estão alegando um bode expiatório, que é a crise na Europa, mas essa não é a razão dos nossos males, vendemos quase nada para a Europa", diz.
O assessor de assuntos estratégicos da Fiesp acrescenta que os efeitos da turbulência no crédito mundial, por causa do endividamento dos países europeus, deverão ser sentidos no longo prazo. Isso na medida em que os contratos de exportação vão sendo cancelados, os bancos ficam mais restritivos nas operações de crédito por proteção, como ocorreu em 2008. No entanto, há a expectativa da entidade de que esse movimento ocorra em menor intensidade e de forma mais diluída no tempo.

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