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INADIMPLÊNCIA É A MENOR EM 9 ANOS

27.01.2011

O crescimento econômico do País e o aumento do nível de emprego em 2010 refletiram em maior capacidade de pagamento dos consumidores em dezembro, derrubando a taxa de inadimplência ao menor nível desde 2001. No entanto, o mercado financeiro sinalizou que responderá às medidas para contenção do crédito anunciadas pelo BC (Banco Central). A taxa média de juros nas operações de crédito subiu em relação a novembro.

A inadimplência das famílias considera os atrasos nos pagamentos de operações de crédito por mais de 90 dias. E, conforme a nota do BC publicada ontem, a inadimplência do consumidor em dezembro foi de 5,69%. Em março de 2001, foi a última vez que o resultado ficou abaixo do mês passado, com 5,64%.

Para o coordenador das pesquisas de juros da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira, o principal estimulante à queda na inadimplência foi a expansão econômica. "O País está crescendo economicamente e isso aumenta a geração de emprego, que resulta em elevação de renda. Ele só deixaria de pagar se perdesse o emprego", argumentou.

Oliveira destaca que mais dois aspectos contribuíram para a marca histórica. "Os bancos estão mais criteriosos na concessão de financiamentos, mesmo aumentando o crédito", disse, sobre a analise de risco que as instituições fazem antes de emprestar. "E as pessoas estão mais conscientes para tomar o crédito. Elas se preparam antes."

Os empréstimos para a compra de imóvel e crédito pessoal foram protagonistas entre as demais modalidades. Eles registraram a menor inadimplência desde o início da série histórica do BC, em junho de 2000. O percentual do crédito imobiliário foi de 2,06%. E do empréstimo pessoal 4,21%.

As pessoas que compraram automóveis com financiamentos em várias parcelas também elevaram sua capacidade de pagamento. A inadimplência no crédito para aquisição de veículos passou de 2,89% em novembro para 2,55% em dezembro. O resultado foi o menor dos últimos quatro anos.

Quem precisou utilizar as modalidades mais caras do mercado ficou em grupo com maior índice de falta de pagamento. A inadimplência no cheque especial, no mês passado, foi de 10,13%. O resultado foi 0,9 ponto percentual superior a novembro. E no cartão de crédito, a inadimplência ficou em 23,98%.

"O consumidor que está endividado no cheque especial, muitas vezes, também está no cartão de crédito. E como ele paga, no mínimo, 9% de juros ao mês por esses empréstimos, acaba ficando inadimplente", avaliou o vice-presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia) e professor do Insper, José Dutra Sobrinho.

JUROS - As instituições financeiras elevaram a taxa média pré-fixada de juros em operações de crédito para pessoa física. Enquanto o percentual em novembro era de 39,12% - menor nível desde o início da série histórica em 1994, em dezembro o resultado foi de 40,62%.

Na opinião do professor especialista em crédito da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas) José Pereira da Silva, a escalada continuará nos próximos meses.

"O governo tomou essas medidas para inibir o consumo e conter a inflação, logo, a taxa de juros deve continuar alta para o consumidor. Além disso, a oferta de crédito deve cair", afirmou Silva por nota.

Cheque especial tem juros de 170,7%

Os consumidores que utilizaram o cheque especial em dezembro pagaram mais caro para as instituições financeiras. Segundo nota do BC, a modalidade teve acréscimo de 11,6 pontos percentuais na taxa de juros, que ficou em 170,7% ao ano, em comparação com o mesmo mês de 2009.

Diferente dos demais tipos de crédito apresentados pela autoridade monetária, o cheque foi a única que teve elevação na comparação anual. Sobre o resultado de novembro, o avanço foi de 1,3 ponto percentual.

A taxa de juros do crédito pessoal caiu 0,3 ponto percentual em dezembro, ante igual período do ano anterior. Mas quem contratou este empréstimo no mês passado pagou mais caro do que era cobrado em novembro. A taxa média pré-fixada foi de 44,1% ao ano, enquanto no mês anterior era de 42%.

Os juros de financiamentos para aquisição de veículos recuaram 0,2 ponto percentual em relação a dezembro de 2009. No entanto, subiram 2,4 pontos percentuais sobre novembro, atingindo 25,2% ao ano.

Sem definir quais são os produtos, o BC informou que o crédito para aquisição de outros bens teve decréscimo de 6,9 pontos percentuais na comparação anual e encerrou dezembro em 47,9% ao ano.

VERMELHO - Segundo a autoridade monetária, o prazo médio para a liquidação do cheque especial, em dezembro, foi de 22 dias. Este período é repetido todos os meses desde fevereiro, quando era de 21 dias.

Portanto, as pessoas passaram em média 22 dias com a conta no vermelho. Isso porque a utilização do cheque especial acontece quando não há saldo em conta-corrente. E quando o consumidor coloca dinheiro no banco, as dívidas da modalidade são liquidadas imediatamente.

Crédito imobiliário com recursos direcionados sobe 50%

A demanda por crédito para a aquisição de imóvel teve o maior crescimento da história em 2010. Segundo o BC, foram contratados R$ 1,37 trilhões no ano passado, tendo em vista que o avanço sobre o acumulado de 2009 foi de 50,4%.

Esses empréstimos são apenas de recursos direcionados. O dinheiro só pode ser utilizado para determinados financiamentos por determinação governamental, como ocorre com a captação da poupança.

Emparelhando dezembro com o mesmo mês do ano anterior, a expansão na demanda chegou a 51%. Foram contratados R$ 138 bilhões nesta modalidade.

Na comparação com novembro, o volume de crédito para habitação no mês passado foi 3,9% superior. Segundo a autarquia monetária, em novembro o montante para a compra de imóveis chegou a R$ 133,5 bilhões.

VALORES - O crescimento do mercado de crédito imobiliário com recursos direcionados refletiu na demanda por empréstimos acima de R$ 50 mil. Conforme a nota no BC, a expansão em dezembro sobre o igual período do ano anterior foi de 36,3%.

As instituições financeiras liberaram, no mês passado, R$ 196,3 bilhões neste segmento.

BC afirma que medida surte efeito nos financiamentos

Os consumidores contrataram R$ 140 bilhões em financiamentos para aquisição de veículos em dezembro, gerando alta de 3% na comparação mensal. No entanto, a expansão ficou abaixo do mês anterior, que atingiu 4,7%.

Segundo o BC, a desaceleração na expansão da demanda já reflete as medidas de contenção de crédito tomadas pela autoriadade monetária no começo de dezembro.

Para o coordenador do curso de Economia da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia, houve precipitação. "Entendo que uma análise de tendência não pode ser feita em um mês." Mas afirma que é natural ocorrer queda no número de concessões.

Conforme o BC, a média diária de financiamentos de veículos caiu 13,7% em dezembro sobre novembro.

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