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RECURSOS DESTINADOS ÀS PESSOAS FÍSICAS JÁ ATINGEM 21% DO PIB

11.11.2010

Os empréstimos destinados a pessoas físicas, impulsionados pelos financiamentos para aquisição de veículos e crédito pessoal, totalizaram R$ 527,9 bilhões até setembro deste ano, representando 21% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2004, o crédito para pessoa física respondia por 9,2% do PIB.

 

A expectativa para o final de 2010 é o incremento de 15% no volume de crédito tomado pela pessoa física, descontada a inflação. "Nos últimos seis anos, a alavanca para o crescimento do crédito pessoal tem sido o empréstimo voltado à compra de veículos e o crédito consignado", afirma o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva.

Em qualquer instituição financeira, o consumidor encontrará crédito disponível em diferentes modalidades: aquisição de bens duráveis, aquisição de veículos, empréstimos para quitação de serviços e pagamentos diversos, crédito específico para construção, além da linha de crédito do cheque especial para necessidades de curto prazo. Cada um dos produtos tem prazo e juro diferenciado.

A diferença técnica entre cada uma das modalidades de financiamento está relacionada à garantia da operação. É a garantia do empréstimo que determina a taxa de juro e o prazo de pagamento. Quanto menor a garantia, maior o juro a ser pago, com prazo restrito para a quitação das parcelas, diz Ademiro Vian, diretor-adjunto de Produto e Financiamentos da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

Atualmente, a inflação sob controle, o aumento da massa formal de trabalhadores, o incremento real do salário e a ascensão social das classes fazem com que os consumidores honrem suas dívidas. O resultado é a queda da inadimplência. Em setembro de 2009, a taxa de inadimplência na carteira de crédito pessoal dos bancos era de 5,2%. Baixou para 4,3% em setembro de 2010.

"O consumidor vê a economia crescendo e, motivado, compra mais. Ao mesmo tempo, a oferta de crédito tem e o prazo de pagamento vão se ampliando", explica Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac). Segundo dados do Banco Central, o prazo médio em todas as operações de financiamento era de 374 dias em setembro de 2009. O prazo aumentou para 478 dias em setembro de 2010.

O alongamento do prazo e queda da taxa de juro nos empréstimos para pessoa física também foram beneficiados pela grande concorrência do setor bancário. "As instituições financeiras de pequena, média e grande rede de agências disputam palmo a palmo o cliente em todas as carteiras. A concorrência é de extrema importância para todo o sistema financeiro e para o cliente", afirma Vian.

Atualmente, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), com 84 instituições financeiras de pequena e média rede de agências, responde por 15% do crédito à pessoa física. Os outros 85% estão distribuídos entre os seis grandes bancos: Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e HSBC.

Segundo o presidente da ABBC, Renato Oliva, quando o consumidor não tem conta corrente, bancos de pequena e média rede de agências aumentam a participação em 45% do crédito para pessoa física. "O maior número de bancos é desejável para estímulo da concorrência, mais qualidade dos serviços prestados e menor custo para o cliente."

Diante da concorrência acirrada, o Bradesco nas diferentes modalidades de produtos para pessoa física conseguiu crescer 25% nos últimos 12 meses, até setembro de 2010, segundo o diretor do departamento de empréstimos e financiamentos, Octávio de Lazari Junior. Somente o consignado cresceu 71% no mesmo período, seguido pelo crédito pessoal, com 30% de incremento.

No BB, o crédito total concedido (CDC, consignado, imobiliário, aquisição de bens e veículos, crédito pessoal, cheque especial, microcrédito, entre outros) para pessoa física alcançou R$ 101,12 bilhões no primeiro semestre contra contra R$ 91,79 bilhões em dezembro de 2009. Os resultados do terceiro trimestre de 2010 não foram divulgados.

Na avaliação do vice-presidente de cartões e novos negócios do BB, Paulo Rogério Caffarelli, o crédito consignado para pessoas físicas é o carro chefe, incrementado pelo crédito para aquisição de veículo e de imóveis. "Em 2009, com a entrada do banco no financiamento de veículos e imobiliário, o BB passou a ocupar o segundo lugar no ranking do setor de crédito para pessoa física, acompanhado pela queda da inadimplência."

Segundo os profissionais, a capacidade de pagamento dos clientes nos próximos anos será responsável pela ampliação do crédito. Por isso, há grande preocupação com a educação financeira. "Queremos que o cliente seja direcionado às linhas de crédito mais baratas, conforme a necessidade dele", segundo Caffarelli.

Vian, da Febraban, diz que os bancos têm adotado a prática de ligar e enviar comunicados aos clientes, oferecendo linhas de crédito com menor taxa de juro, quando percebem que ele está usando o cheque especial. "Há o risco de o consumidor incorporar o cheque especial ao rendimento e, por excesso de endividamento, não conseguir mais cumprir o saldo de sua movimentação." Segundo ele, a legislação não prevê o monitoramento de operações de empréstimos inferiores a R$ 5 mil. A pessoa física pode fazer dívidas em diferentes bancos, sem registros disponíveis no sistema bancário.

"O superendividamento do cliente não é desejado pelo sistema financeiro. Temos de investir mais no sistema de avaliação de crédito à pessoa física para incremento e consolidação de informações no setor. Precisamos saber como tratar o cliente superendividado e como se relacionar com ele após a reabilitação financeira", afirma Renato Oliva.

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