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SETOR ROUBA PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS

29.01.2012

Há somente dois meses e meio trabalhando como ajudante de carpinteiro, Felipe da Silva, 18 anos, já recebeu a promessa de ser promovido caso seu desempenho na função continue satisfatório. Em seu primeiro emprego com carteira assinada, ele recebe R$ 936, valor bem superior aos R$ 545 que recebia trabalhando como garçom. Esse é o novo cenário da construção civil, que carente de profissionais qualificados, tenta a todo custo manter no quadro os que têm alguma experiência. Com o dinheiro extra que recebe, o jovem já planeja tirar a carteira de motorista. Mas a intenção de Silva é aperfeiçoar o trabalho e potencializar sua receita. Normalmente nas obras, o carpinteiro oficial tem salário de R$ 1.086,80, assim como o pedreiro, o eletricista e o encanador. No mesmo canteiro de obras em São Caetano, Oziel Mendes, 29, trocou o ramo de distribuição de bebidas pelos elevadores das obras. Sem ter medo de altura e incentivado pelo irmão, a remuneração na área foi o principal atrativo. O operador quer buscar especialização. Em breve quer fazer um curso de operador de grua para ganhar mais. Por enquanto, os R$ 1.086,80 mensais que recebe - cifra 55% maior que antes - estão comprometidos com as despesas dos três filhos, da esposa e da prestação de R$ 500 do carro, ano 2008, que comprou em 48 vezes. O complemento da renda vem do barzinho que sua mulher administra. A diretora regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, Rosana Carnevalli, pontua que a formalidade, os benefícios e o salário valorizado estão atraindo muitos profissionais de outros setores para a construção. "A capacitação no ambiente de trabalho fideliza o funcionário. Hoje um eletricista ou encanador ganha tão bem quanto um torneiro mecânico. O bom profissional terá emprego garantido nos próximos anos." PERSPECTIVA - Mesmo com a diminuição do número de lançamentos imobiliários no Grande ABC, o SindusCon projeta a abertura de pelo menos mais 4.000 postos de trabalho para atender a demanda das empresas, crescimento de 8%. Atualmente, o setor tem contingente de 47 mil pessoas com carteira assinada. Disputa por mão de obra fica acirrada As construtoras e empreiteiras que têm canteiros de obras instalados na região estão lidando com uma situação nova na profissão: agentes posicionados nas redondezas dos empreendimentos abordam pedreiros, gesseiros, azulejeiros, encanadores e eletricistas com ofertas de salário maior. Para segurar esses talentos, essas companhias estão começando a desenhar uma espécie de plano de carreira. O presidente da andreense MZM Construtora, Francisco Diogo Magnani, afirma que em alguns casos foi preciso elevar a remuneração entre 15% e 20% do bom profissional para não perdê-lo. "Se não pagar mais, a concorrência leva." Na linha de frente desses olheiros estão principalmente carpinteiros e pedreiros. Mas até mestre de obras e engenheiros têm sido sondados pelos caçadores de talento da construção. No caso dos funcionários que pegam mais no pesado, qualquer aumento de R$ 100 já seduz. CAPACITAÇÃO - Se no passado, assentar tijolo, fixar tubulações e fazer vergas de ferro eram consideradas funções sem qualificação e remuneração ruim, agora é diferente. A experiência pode render salário de até R$ 8.000 para um carpinteiro. Um mestre de obras pode ganhar entre R$ 10 mil e R$ 12 mil, enquanto um pedreiro com anos de trabalho no canteiro tem a chance de receber até R$ 5 mil, dependendo da empresa para qual presta serviço. A diretora do Sindicato da Indústria da Construção do Grande ABC, Rosana Carnevalli, afirma que em algumas cidades do País as empresas recrutam trabalhadores da Argentina, Haiti, Uruguai e Paraguai. No Grande ABC, é o Nordeste que supre parte da demanda das empresas.

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