FORASTEIROS COMPRAM 15% DOS IMÓVEIS NOVOS DA REGIÃO
A possibilidade de comprar apartamentos de luxo mais baratos do que na Capital fez com muitos paulistanos optassem pelo Grande ABC. Construtores afirmam que 15% das vendas de imóveis novos na região são feitas para moradores de São Paulo. Isso porque paga-se aqui até 50% menos para se adquirir imóvel em bairro com a mesma infraestrutura que na Capital.
São Caetano e São Bernardo são os municípios que registram o maior interesse desse público. A ideia é usar a proximidade com a Capital e o fácil acesso para atrair clientes.
Aparecido Viana, presidente de uma imobiliária em São Caetano, avisa que no município a falta de terrenos é o que mais dificulta o segmento. "Aqui a atração é ainda maior. Cerca de 30% das vendas de imóveis na cidade são fechadas com pessoas que vivem em São Paulo. Isso acontece porque o município tem boa infraestrutura e é referência nacional", avalia.
Já São Bernardo sai na frente pela ampla oferta de espaços perto do centro e também pela proximidade com a Rodovia Anchieta. O município possui 2.421 unidades em construção de apartamentos com três quartos para atender a classe B, público com rendimento médio de R$ 3.670, conforme metodologia da Universidade Municipal de São Caetano. "O Grande ABC é um grande canteiro de obras e, apesar de não termos pesquisa sobre isso, sabemos que São Bernardo tem tomado a dianteira na oferta de espaços para esse tipo de público", explica Milton Bigucci Júnior, diretor técnico de uma empresa na cidade.
CUSTO-BENEFÍCIO - Robson Tuneto, diretor de vendas de uma construtora de São Bernardo, considera que a procura por espaços na região seguirá aquecida.
"O custo-benefício também me pareceu viável. Existe transporte público para o centro e vou estar próximo para me locomover de carro."
Construtoras encontram nicho para sair da estagnação
Com o aumento de forasteiros buscando empreendimentos regionais, as construtoras encontraram nicho para sair da estagnação das vendas locais, uma vez que a região aproveitou o boom dos últimos três anos para abastecer principalmente o mercado interno. Entre as sete cidades, calcula-se que o deficit esteja entre 80 mil e 100 mil habitações.
A procura ocorre, principalmente, em cidades como Mauá e Diadema, para as classes média (que tem salário médio de R$ 2.094) e DE (com ganhos em torno de R$ 1.105), que passaram a integrar o mercado com o Minha Casa, Minha Vida.
A falta de terrenos com preços baixos nas regiões centrais também contribui para que boa parte dos empreendimentos seja focada para o público de fora, uma vez que o metro quadrado não sai por menos de R$ 3.243.
Mesmo com alta de 37% nos preços, Grande ABC é atrativo
A maior procura por empreendimentos de três e quartos dormitórios fez com que o valor do metro quadrado tivesse alta de até 37% no Grande ABC nos últimos três anos. Mesmo assim, ainda é mais rentável buscar espaços aqui do que em São Paulo. "Temos requinte e sofisticação que na Capital são inatingíveis para a classe B. Além disso, temos espaços planejados que agregam lazer e compras com valores muito menores", diz Aparecido Viana.
Para se ter ideia, o custo médio dos imóveis na região se assemelha ao cobrado no Ipiranga, que possui, em sua maioria, imóveis com até 80 m². "O que percebemos é que o Grande ABC está passando por valorização porque a qualidade de vida é melhor do que a da Capital. Além disso, oferece a mesma infraestrutura, melhor segurança e outros termos fundamentais na hora de escolher o produto", destaca Luiz Paulo Pompeia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio).