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GAFISA ELEGE CEO INTERINO E DIVULGA SUA PIOR MARGEM

11.05.2011

No mesmo dia em que anunciou um de seus piores resultados trimestrais, com queda de 79% no lucro de 79% e margem líquida de 1,7% para uma média setorial de 14%, a Gafisa também anunciou que Wilson Amaral renunciou à presidência e que Duílio Calciolari - diretor financeiro e de relações com investidores - acumula a função com a de presidente (CEO) interino. A associação entre os dois eventos foi imediata. Quase impossível que fosse diferente.

 

Embora Wilson Amaral já tivesse anunciado que sairia do comando da companhia este ano - com essa mudança, o executivo antecipa sua ida para o Conselho de Administração - disse que o faria ao longo deste ano, depois de concluído o processo de sucessão. Sua saída para o Conselho, portanto, aconteceu antes do previsto pelo mercado e pegou muita gente de surpresa. A decisão do Conselho de Administração de colocar Duílio Calciolari como interino, em um momento delicado, passou ao mercado uma impressão de urgência na mudança dos rumos da companhia.

Em entrevista ao Valor, Amaral disse que a entrada de Duílio não está relacionada com os resultados do primeiro trimestre, embora reconheça que a ligação entre os fatos seja imediata. "É a mais simplista, mas não é a correta", afirmou. Segundo ele, o processo de escolha se acelerou no mês de abril e Duílio foi escolhido como o candidato interno, ainda que não o definitivo. "Vou concentrar meu tempo na escolha do novo CEO", disse Amaral. "O que eu não posso é focar na sucessão e daqui a três meses não entregar o guidance (projeção)", completou, corroborando - de certa forma - com o consenso de mercado.

Por que, então, a decisão de colocá-lo na presidência não aconteceu antes - a pergunta mais óbvia nesse momento. "Porque o amadurecimento do processo aconteceu nos últimos quarenta dias", disse Amaral. O processo de escolha de um candidato externo, que irá competir com Duílio, continua sendo conduzido pela multinacional Russell Reynolds, que já trabalha com a Gafisa.

Diretor financeiro da companhia há quase 11 anos, Calciolari vai ser testado na presidência. "Eu acho que o colocaram no pior dos mundos", diz o executivo de uma grande do setor. A dúvida que fica é se ele terá a oportunidade de ficar na companhia ou se aceitará continuar como diretor financeiro, caso não seja escolhido presidente. "Vou acumular os dois cargos, dividindo com a equipe parte das tarefas financeiras e assumindo outras áreas para ter uma visão do todo", diz Duílio. E, se há chances dele vir a ser escolhido, porque não assumiu definitivamente?, foi outra pergunta que surgiu.

Amaral bate na tecla da governança corporativa. "Temos conforto, porque trabalhamos com transparência", disse Amaral, que ontem atendeu ligações de investidores do mundo todo com as mesmas dúvidas. Segundo fonte do setor, Amaral tem um relacionamento bom com o Conselho de Administração da companhia, que acaba de eleger três membros independentes. "O mercado gostava da proposta ousada de crescimento e do modelo de gestão GP trazido por Amaral, mas agora querem que a empresa conte outro capítulo", diz fonte.

O que os resultados do primeiro trimestre mostraram é que Tenda - empresa de baixa renda adquirida em agosto de 2008 -, de fato, está mais difícil de digerir do que o imaginado. A empresa fez provisões no valor de R$ 10,9 milhões, sendo R$ 5 milhões por contingências de Tenda "relativas ao atraso na entrega de unidades" e R$ 4 milhões de contingências trabalhistas "relacionadas a tarefas terceirizadas". A relação dívida líquida/patrimônio líquido ficou em 72% ao fim de março e a meta para o ano é de 60%. "Teremos geração de caixa no segundo semestre", diz Duílio. De forma geral, a companhia sinaliza que terá melhores resultados na segunda parte do ano.

Embora as ações tenham subido 3,38% no dia (a R$ 8,85), como resposta positiva à mudança, a maioria dos analistas se mostrou surpresa e decepcionada com os resultados. O Bank of America manteve recomendação de compra, mas reduziu o preço-alvo de R$ 15 para R$ 12.

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