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INDEXAÇÃO À SELIC É BEM VISTA POR BANCOS

26.10.2011

Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenha negado que o governo estude alterar o cálculo de rentabilidade da caderneta de poupança, a possibilidade de mudança parece agradar o setor bancário. A indexação da poupança à Selic, que estaria para ser anunciada no ano que vem, é, segundo os economistas do Itaú Unibanco, "um passo adiante no aprimoramento do sistema de poupança, algo que poderia auxiliar uma futura reforma no financiamento habitacional". Uma fonte graduada do governo afirmou que o relatório do banco circulou pelo governo. Para o segmento de crédito imobiliário, que tem como principal fonte de recurso a poupança, atrelar a remuneração da caderneta à taxa Selic pode ser considerado um avanço. Mas o ideal seria que o indexador, em vez da Selic, fosse um índice de inflação. Segundo Antonio Barbosa, diretor de financiamento imobiliário do HSBC, os ativos atrelados a índices de inflação são os preferidos dos investidores, especialmente os institucionais, como fundos de pensão e seguradoras. Dessa forma, o apetite pela securitização de ativos imobiliários tenderia a aumentar. Fazer um swap [contrato de troca de indexador] para que a aplicação passe a ser remunerada por um índice de inflação custa caro. Por isso, dificilmente consigo vender hoje um CRI [Certificado de Recebíveis Imobiliários] para o mercado institucional", afirma Barbosa. No HSBC, a venda de CRIs para investidores pessoas físicas de alta renda já responde pela carteira de R$ 2,8 bilhões em financiamentos imobiliários a pessoas jurídicas. Por trás da perspectiva de expansão do mercado de securitização de ativos imobiliários está a preocupação - não só do executivo do banco inglês mas de todo o mercado - com a escassez de "funding" para o crédito imobiliário. A previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é de que o saldo da caderneta, hoje em R$ 318,7 bilhões, só atenda à demanda até 2012. Enquanto a poupança cresce a um ritmo de 15% ao ano, o crédito imobiliário avança a uma taxa de 50%. Ajustar a remuneração da caderneta, porém, está longe de ser um cálculo trivial. Se a rentabilidade da tradicional aplicação crescer muito e provocar uma corrida dos investidores, há receio de que o mercado imobiliário não consiga absorver toda a procura. As instituições financeiras são obrigadas a direcionar 65% dos depósitos em poupança para financiamentos imobiliários. Por isso, Barbosa defende que a discussão da remuneração da poupança deve passar pela flexibilização da exigibilidade. "A exigibilidade foi fundamental anos atrás, quando os bancos não tinham apetite para fazer financiamento imobiliário por conta das altas taxas de juro. Hoje, esse direcionamento já não se faz mais tão necessário", diz. Parte do mercado viu na informação de que o governo estuda mudanças na fórmula da poupança um importante sinal para a queda dos juros. Segundo análise da japonesa Nomura Securities, a informação mostra que de fato o objetivo do governo é reduzir a Selic e que o terreno está sendo preparado para um nível muito menor da taxa de juros. Segundo o banco, esse é um desenvolvimento importante e confirma a visão da instituição financeira japonesa de que a intenção do governo é ir um pouco além do que seria apenas um ajuste tradicional de política monetária. "Na nossa visão, esse é um sinal muito importante de que o governo está comprometido em levar a Selic para o patamar de um dígito."

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