USINA DE LIXO NÃO IMPEDIRÁ RECICLAGEM, AFIRMA SECRETÁRIO
USINA DE LIXO NÃO IMPEDIRÁ RECICLAGEM, AFIRMA SECRETÁRIO | |
Por: Claudia Mayara (mayara@abcdmaior.com.br) |
Equipamento deve incinerar 750 toneladas/dia de resíduos, provavelmente a partir de 2015
Na segunda matéria da série sobre o futuro do lixo de São Bernardo, o ABCD MAIOR traz a discussão sobre a construção da Unidade de Recuperação Energética, a usina de lixo, e sua relação com a reciclagem. Atualmente, o projeto está na fase de descontaminação da área do antigo lixão do Alvarenga, onde a usina de lixo será instalada, e na elaboração do EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental). A expectativa é que o documento seja aprovado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) até dezembro deste ano. Será a partir da avaliação do EIA/Rima que o órgão ambiental emitirá a licença ambiental de instalação, documento que autoriza o início das obras. A previsão é que a unidade, orçada em torno de R$ 350 milhões e uma das primeiras no Estado de São Paulo, comece a operar em 2015 e tenha capacidade diária de incinerar 750 toneladas de resíduos, equivalente à quantidade de resíduos gerados na cidade. A queima do lixo irá gerar energia suficiente para garantir a iluminação pública da cidade. Do Sistema Integrado de Manejo e Gestão de Resíduos do município, a construção da usina tem gerado questionamento de catadores da cidade, para quem o equipamento prejudicaria o meio ambiente. “Não estamos apenas preocupados com a nossa geração de renda, mas com o futuro do planeta. Ao queimar os resíduos será necessário extrair mais recursos naturais”, afirmou Maria Mônica da Silva, coordenadora executiva da Coopcent (Cooperativa Central dos Catadores e Catadoras de Material Reciclado do ABCD) e coordenadora estadual do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável.
Secoli ainda argumentou que as cooperativas serão as responsáveis por dizer o que será ou não queimado. Atualmente, o município recicla menos de 1% do lixo e a meta é chegar a 10% até 2016. “Faremos coleta porta a porta e as cooperativas vão nos apontar o que é reciclável e o que não é”, enfatizou.
S. Bernardo garante fiscalização rígida Sem produzir chorume ou lançar poluentes em escala irregular na atmosfera, como ocorre com os aterros sanitários, São Bernardo aposta que a usina é a melhor escolha ambiental e econômica para o lixo. Para a Prefeitura, os equipamentos avançados, contendo catalisadores e filtros, além da rígida fiscalização serão suficientes para impedir a emissão de gases e poluentes no meio ambiente. “A usina lançará menos gás do que as siderúrgicas de aço ou cimenteiras”, destacou o secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli. Para os catadores, a tecnologia não impedirá a poluição do ar. “Nosso órgão fiscalizador, a Cetesb, não é confiável, então como podemos ficar seguros de que as medidas serão respeitadas?”, questionou a coordenadora executiva da Coopcent, Maria Mônica da Silva. Após o processo de incineração, o lixo será transformado em cinzas. Na Europa, tal resíduo é usado na construção civil ou para produção de asfalto. No entanto, como no Brasil não há legislação que autorize esse processo, o material será encaminhado para o aterro. “Sobrarão apenas 10% de cinzas. Elas não têm cheiro e não geram gás ou chorume. Assim, teremos ganho ambiental e econômico, pois os aterros ficarão mais baratos”, finalizou Secoli. |