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USUÁRIOS CRITICAM PEDÁGIO ELETRÔNICO EM TRECHO URBANO

19.07.2012

Na Região, medida poderá ser aplicada no sistema Anchieta e Imigrantes O que hoje é projeto-piloto em dois trechos rodoviários no Interior de São Paulo, com a cobrança eletrônica de pedágio por espaço percorrido, pode virar realidade em todas as rodovias privatizadas, inclusive a Anchieta e a Imigrantes, em áreas utilizadas pelos motoristas como vias urbanas. O projeto já está em operação na na rodovia Engenheiro Constâncio Cintra, que liga Itatiba a Jundiaí, e rodovia Santos Dumont, entre Indaituba e Campinas. A expansão do Sistema Ponto a Ponto, lançado em abril pelo governo do Estado, não tem data para ser posta em prática, mas a expectativa é isso ocorrer nos próximos dois anos. As praças de pedágio existentes só poderiam ser eliminadas se o projeto estivesse em operação em toda a malha concedida do Estado de São Paulo (que representa cerca de 6 mil quilômetros de rodovias) e em caráter de adesão definitivo. Em nota, a Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) defende a ampliação do modelo, argumentando que será possível melhorar situações de rodovias onde moradores utilizam a via como avenida na ligação com o Centro e pagavam antes o equivalente a uma viagem intermunicipal. Neste tipo de sistema, a cobrança funciona através de pórticos ao longo da rodovia que farão a detecção dos veículos. Nos pórticos, antenas vão ler os chips instalados nos veículos e o valor do trecho percorrido será debitado da conta bancária informada pelo usuário. A iniciativa será facilitada com a obrigatoriedade da colocação dos chips no País, prevista pelo Conselho Nacional de Trânsito para janeiro de 2013. Os pórticos devem ter leitores de placas para flagrar veículos sem chip, o que renderá multa de R$ 127 e cinco pontos na carteira. Imoral - Para o professor de planejamento territorial da UFABC (Universidade Federal do ABC), Ricardo Moretti, o sistema atual de cobrança de pedágio é “imoral” e a nova formatação do modelo é “uma tentativa de disfarçar a imoralidade”. “Hoje somos duplamente penalizados, porque pagamos nossos impostos e ainda desembolsamos o valor do pedágio. Esse tipo de cobrança na área urbana é, no mínimo, esquisita. Irá punir os usuários com menos dinheiro no bolso, e as pessoas com maior poder aquisitivo simplesmente vão pagar o valor cobrado”, argumentou. De acordo com o especialista, a medida é forma de inibir o uso do automóvel e, em tese, visa melhorar a mobilidade urbana em geral. “Mas há outras formas mais justas de fazer isso, como corredores exclusivos para o transporte público”, destacou. Com a cobrança em vigor, os trechos urbanos das rodovias, que hoje são avenidas de tráfego intenso, deixariam de ser utilizados por boa parte dos usuários. “Eles provavelmente vão procurar outras vias, congestionando ainda mais os centros das cidades”, explicou o professor. Cobrança é injusta, afirmam motoristas Os usuários do Sistema Anchieta-Imigrantes que utilizam os trechos urbanos das rodovias como passagem para os municípios vizinhos encaram a cobrança como injusta. Para o metalúrgico Mauro Roberto de Paula, 29 anos, que trafega pela Anchieta todos os dias para chegar ao trabalho, a tarifa vai significar menos dinheiro no bolso. “Nós já pagamos o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), que deveria ser usado para manter as estradas”, criticou. O operador de máquinas Widima Sidreira, 38, é da mesma opinião. “Pagamos o pedágio mais caro do País e em todas as saídas da Imigrantes para a Capital é preciso desembolsar a tarifa. Se tivermos de pagar para trafegar dentro da Região, vai pesar muito no bolso”, reclamou. O secretário geral do Sindicato Nacional dos Cegonheiros, Antônio Bezerra Dantas, estima que este novo sistema irá encarecer o frete, refletindo no preço repassado ao consumidor final. “A carga tributária do País já está muito alta e tudo o que significar mais imposto é prejudicial. Os caminhoneiros, de maneira geral, são os grandes prejudicados.” Rotas ameaçadas - Até mesmo as tradicionais Rotas do Frango com Polenta e do Peixe, em São Bernardo, estão ameaçadas, de acordo com o presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), Wilson Bianchi. “Vai afetar, e muito, os restaurantes e outros estabelecimentos, como os motéis que ficam às margens da rodovia Anchieta e no Riacho Grande. Os clientes não vão querer pagar mais e vão procurar outras opções. O governo do Estado não é sensível a nenhuma conversa e ainda não sabemos como resolver esse problema”, declarou. Anchieta-Imigrantes tem pedágio mais caro do País O pedágio cobrado nas rodovias Anchieta e Imigrantes é de R$ 21,20 – o mais alto do País. No dia 1° de julho, as tarifas foram reajustadas em 4,26%. Antes, o pedágio era de R$ 20,10. Nas saídas da rodovia dos Imigrantes, o usuário paga R$ 1,60 na praça localizada no Centro de Diadema, R$ 3 na do Bairro Eldorado, e R$ 4,80 no acesso ao Batistini, em São Bernardo. Antes do aumento, a taxa era de R$ 1,40, R$ 2,80 e R$ 4,60. Procurada, a Ecovias, que administra as rodovias, preferiu não comentar os planos do governo do Estado, já que o projeto ainda está em andamento. A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo reagiu diante da notícia da expansão do sistema de pedágio eletrônico para todas as rodovias privatizadas do Estado. Em texto publicado no seu portal na internet, os deputados de oposição lembram da promessa do governador Geraldo Alckmin, feita durante a companha de 2010, de rever os contratos e baixar o valor dos pedágios.

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