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FUSÃO ANHANGUERA E KROTON CRIA GIGANTE DA EDUCAÇÃO

24.04.2013

Anunciada ontem, a união de duas das três maiores companhias de capital aberto do setor de Educaçãobrasileiro, Anhanguera e Kroton, formará conglomerado com mais de 1 milhão de alunos e 32 mil profissionais em 835 cidades em todo o território nacional. A soma do faturamento das duas empresas passa dos R$ 4,3 bilhões e revela a tendência de consolidação do setor no País.

A operação só será consumada depois da aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão do governo que visa preservar a livre concorrência combatendo a formação de oligopólios ou monopólios.

A nova empresa terá valor de mercado próximo a R$ 12 bilhões. A Kroton terá cerca de 57,5% da empresa combinada, enquanto os acionistas da Anhanguera ficarão com 42,5%. O presidente da empresa será Rodrigo Galindo, atual comandante da Kroton, e o conselho de administração ficará sob a batuta de Gabriel Mário Rodrigues, do conselho da Anhanguera.

BLINDAGEM - "Para o aluno, a consolidação pode até trazer benefícios", diz o consultor especializado em fusões e aquisições na área educacional Carlos Monteiro. Ele destaca que, mesmo que a intenção por trás da consolidação das instituições de ensino seja otimizar recursos e usar sinergia para melhorar o custo-benefício das empresas, a questão da qualidade de ensino fica blindada pela necessidade da instituição atingir nota 3 de CPC (Conceito Preliminar de Curso) estabelecido pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).

"A média de preço das universidades do grupo Anhanguera-Kroton deverá ficar em torno de R$ 450, o que equivale a 75% do salário-mínimo. Se por esse valor eles conseguirem entregar a qualidade necessária para atingir nota 3, será bom para os alunos.".

O preço mais acessível combinado à qualidade suficiente para manter o credenciamento da instituição junto ao MEC - notas 1 e 2 são desclassificatórias - acabam sendo um problema para a concorrência que, por terem mensalidades mais caras terão de apresentar notas mais altas de CPC para se manterem competitivas. ‘No caso do Grande ABC, faculdades tradicionais e prestigiadas terão de reforçar seus diferenciais e mostrar por meio de notas de conceito mais altas porque custam mais caro", acrescenta Monteiro.

COMPETIÇÃO - A concorrência também está na raiz do próprio negócio. "Essa estratégia, certamente, visa fazer frente à concorrência que se estabelecerá com grandes fundos estrangeiros que estão desembarcando no País na busca de grandes negócios educacionais, como a Apolo Educacional, que apresentou interesse na compra da Unisa e da FMU", diz o coordenador do curso de Ciências Contábeis da FASM (Faculdade Santa Marcelina), Reginaldo Gonçalves. Segundo ele, a preocupação do mercado nesse momento é a possibilidade de haver mais fusões e incorporações de pequenas instituições nos vários Estados, em virtude da disputa não sustentável de alunos e docentes.

Caso se confirme a estratégia de massificação, especialistas consideram que os grandes conglomerados poderão inviabilizar as escolas e faculdades menores e mesmo cursos que não são alvos de grande interesse.

O foco desta movimentação toda é o bolso das famílias que entram na nova classe média, especialmente as classificadas como C e D. "Para essas pessoas, o Ensino Superior é o trampolim para a sua ascensão social", observa Monteiro. "Em áreas como o Grande ABC, em que a exigência por qualificação é grande, a questão da formação é crucial para contratação", completa.

Anhanguera e Kroton estão na Bolsa de Valores, o que aumenta a pressão por mostrar rentabilidade aos seus investidores. "Para dar bons resultados para os acionistas em longo prazo, é preciso priorizar o aluno. De outra forma, é um tiro no pé. Nesse caso, a expectativa é positiva. Os gestores da nova mega têm histórico em Educação", diz Monteiro.

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