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MULHERES INVADEM SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

24.11.2010

A pós passarem por 416 horas de aulas de alvenaria, reboco, revestimento e acabamento, 120 alunas do primeiro curso de formação em construção civil direcionado a mulheres, em São Bernardo, se formam em dezembro e estão aptas a ocupar cargos que até então eram vistos como exclusivamente masculinos.

A iniciativa faz parte da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania (Sedesc) do município, promovido por meio da Gerência de Políticas para Mulheres, do governo federal.

Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) apontam que o número de empregos no setor aumentou 10,21% em 2009, totalizando 2,29 milhões de empregados.

Aproveitando essa boa fase, mulheres como Rosemeire Bugola resolveram investir na nova profissão. A ex-gerente de recursos humanos trocou o escritório pelas obras e se diz muito feliz. “O trabalho braçal dá a oportunidade de construir alguma coisa partindo do zero. Não depende de ninguém, só de você”, afirmou a aluna.

Rosemeire faz parte do grupo de dez mulheres que já foram contratadas por empreiteiras e estão atuando em obras, por meio da articulação feita pela prefeitura com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP).

“Muitos homens trabalham construindo casas há anos, mas não se atualizam. Acham que tudo continua igual. Em futuro próximo são as mulheres quem vão dar aulas em cursos como este”, pontuou Rosemeire.

Apesar de literalmente estarem com a mão na massa, as alunas não deixam de lado a feminilidade. Brincos, anéis e unhas pintadas convivem lado a lado com pás, latas e cimento. “Esse cuidado que só a mulher tem faz toda a diferença”, afirmou a ex-gerente.

Francisca Edleuza era dona de casa até iniciar o curso. Sem se importar com a resistência dos familiares, que achavam que esse não era o trabalho ideal, a aprendiz já utiliza o que aprende nas aulas em seu dia-a-dia. “Para mim foi tudo fácil.Não tive dificuldades em nenhuma aula. Até já pintei o quarto dos meus filhos”, afirmou a aluna.

A diferença entre os sexos não passa despercebida por José Lemis, instrutor do curso. “São mais cuidadosas com a segurança na obra, mais detalhistas com o acabamento”, declarou o professor. “Na hora de pegar peso, a gente faz uma adaptação, divide em duas partes, mas todas dão conta do recado”, completou.

Lemis disse que dar aulas somente para mulheres está sendo uma lição. “Aprendo a ser mais tolerante, a pedir desculpas, coisas difíceis para os homens”, considerou o professor.

O instrutor de pintura e texturização, João Aldo, também ressaltou as qualidades femininas. “São mais criativas, não dependem tanto de ferramentas para criar trabalhos diferentes. Damos a orientação e rapidamente executam tudo sozinhas”, afirmou o profissional.

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