ACIGABC

Notícias

BANCOS COMPRAM DÍVIDA DE EMPRÉSTIMO

28.08.2011

Trocar de banco para conseguir redução nas parcelas de empréstimo é uma das opções do Sistema Financeiro Nacional ao consumidor brasileiro. No entanto as instituições financeiras não demonstram tanto interesse em divulgar essa operação, tendo em vista que é bem difícil encontrar informações em seus sites ou anúncios sobre o assunto.
"Uma coisa é clara, o banco não tem interesse em perder contas. E anunciando essa modalidade ele corre o risco", opina o professor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado, Otto Nogami.
O gerente de negócios de pessoa física para a região do Banco do Brasil, André Luis Pontes, explica que a portabilidade de crédito, quando um banco compra a dívida de crédito de um cliente de outra instituição, beneficia o consumidor.
O mecanismo funciona assim, o cliente do banco x deve procurar o banco y e pedir para que essa instituição compre a sua dívida do banco x. Com isso, o contratante do empréstimo ou financiamento pode negociar taxas menores de juros, o que resultaria em redução das parcelas.
"É possível fazer a portabilidade em dois setores, financiamentos imobiliários e em crédito pessoal", afirmou Pontes.
"Entre as oportunidades dessa negociação está a troca de dívidas de empréstimos pessoais por crédito consignado em outro banco", orientou o executivo.
O consignado, normalmente, possui as menores taxas nas instituições por ser descontado na folha de pagamento do contratante.
Na ponta do lápis, se o cliente tem mais dez prestações de R$ 1.000, tendo em vista que R$ 800 é a dívida, é possível reduzir os R$ 200 de juros e taxas. "Neste caso, se a parcela caísse para R$ 900, a economia seria de R$ 1.000", calculou o gerente de negócios.
O executivo do BB explicou que o processo de transferência é totalmente eletrônico. "O cliente nem precisa avisar o banco em que mantém a dívida, pois a outra instituição avisa, eletronicamente, que está comprando o débito."
Pessoas próximas dentro dos bancos podem contribuir para conseguir melhores condições de crédito na portabilidade, indicou o professor do Laboratório de Finanças da FIA, Keyler Carvalho Rocha. "Se for gerente, ajuda mais", disse.
Outra condição interessante, segundo Rocha, ocorre quando o contratante do crédito muda de emprego, e a nova empresa trabalha com outro banco, o que facilitaria a portabilidade para crédito consignado.
O professor de matemática financeira Marcos Crivelaro, da Fiap, afirmou que é possível encontrar algumas oportunidades de juros mais baixos na portabilidade, mas é necessário ser bom pagador e não estar muito endividado, para que a análise de crédito estabeleça bom perfil sobre o cliente.
O Santander informou que o porta-voz para falar sobre o assunto estava viajando. HSBC, Itaú Unibanco, Bradesco e Caixa Econômica Federal não responderam aos pedidos de entrevistas até o fechamento desta edição.
 
 
Apesar da oportunidade de diminuir os juros, existem algumas barreiras que dificultam a redução das parcelas da dívida por meio da portabilidade. "Se ele está apertado, em estado de inadimplência, o banco vai olhar como um risco. E o resultado será de taxas não tão atraentes em relação ao que o cliente tem no seu próprio banco", diz o professor da FAAP Otto Nogami.
Os bancos evitam ampliar sua carteira de clientes de determinado segmento com mal pagadores, explica o professor da Fiap Marcos Crivelaro. E a análise de crédito das instituições financeiras é muito criteriosa. Além de realizar levantamento sobre as finanças do cliente, estima se esse interessado na portabilidade tem a capacidade de pagamento das parcelas até a liquidação total da dívida.
"Quando um banco compra a dívida do outro é considerada, pelo SFN, nova transação financeira. E o financiamento é mais longo, demora mais um pouco para a aprovação. Mas o consignado, que tem garantia, normalmente é pré-aprovado", diz o gerente do BB, André Luis Ponte.

últimas notícias