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FALTA MATERIAL DE CONSTRUÇÃO EM DEPÓSITOS

18.10.2010

O aquecimento no mercado imobiliário e a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) nos materiais de construção trouxeram problemas para os pequenos varejistas do setor. Com a alta demanda por produtos por parte de construtoras e grandes redes, o prazo de espera para a entrega dos itens para os microempresários está até duas vezes maior, pelo menos na região.

Cimento, tijolos e itens ligados à tubulação são os que registram maior atraso. A entrega de tijolos cerâmicos, por exemplo, pode levar mais de um mês e obriga comerciantes a entrarem na fila de espera mesmo antes do fim dos estoques.

"Agora precisamos programar a compra, entrar na fila, fazer estimativa do que podemos gastar, fazer o pedido e esperar. Quando o produto chega e você ainda tem muito no estoque pode escolher não ficar com ele, mas corre o risco de ficar sem depois", conta o comerciante Antonio Luiz Salvatore, dono de um depósito no Jardim Centreville, em Santo André.

O tempo de espera por cimento também pulou de três para até 15 dias na maioria dos pequenos comércios do Grande ABC. Névio Giotoko, e Jackson de Jesus Alves, comerciantes de Santo André, foram alguns dos que sentiram na pele o problema.

Segundo eles, as dificuldades começaram há quatro meses e os fornecedores alegam que, com o aumento da procura, falta matéria-prima para ampliar a oferta deles rapidamente. "Antes eu fazia o pedido e na mesma semana já recebia o produto. Agora, passam vários dias, até um mês, no caso do tijolo, até a entrega", diz Salvatore, enquanto Giotoko e Alves alegam que são necessários 15 dias para o cimento.

A situação também fez com que os preços dos produtos aumentasse, de acordo com comerciantes. A cerâmica, por exemplo, chegou a registrar alta três vezes no mesmo mês. Para evitar ser engolido pela concorrência, muitos pequenos depósitos diminuíram drasticamente a margem de lucro.

"Como não concorremos diretamente com as grandes redes, o nosso público é outro, e isso diminui um pouco o impacto no orçamento do fim do mês", atenua Salvatore.

A mudança na rota dos caminhões - que estão proibidos de circular em várias avenidas da Capital durante o horário comercial - também foi motivo de preocupação para os pequenos varejistas.

"Com o maior tempo de viagem, o caminhão consegue fazer menos entregas, segundo os fornecedores", conta Rosa Naomi, dona de um comércio em Santo André.

Diferenciação - A maior reclamação dos pequenos empresários, no entanto, é a diferença no tratamento entre eles e as grandes redes, que afirmam não ter enfrentado problemas com falta de produtos. "Sempre foi assim. É porque você não tem capital, senão comprava a dinheiro e tudo bem. Eles (os fornecedores) preferem as empresas grandes e nos deixam de escanteio", desabafa Rosa.

Redes reforçam estoque devido ao fim da desoneração
Com a chegada do fim do ano e da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre os itens de material de construção - que vai até 31 de dezembro -, as grandes redes varejistas se preparam para abastecer a alta de demanda e já reforçam seus estoques.

Com crescimento aproximado de 27% nas vendas neste mês, em relação ao mesmo período de 2009, Roberto Carlos Santos, diretor de uma loja de rede em São Caetano, acredita que o planejamento junto aos fornecedores é decisivo para que o cliente não fique sem o produto que procura. "Estamos vendendo muitos pisos, vasos sanitários, cubas para lavabos e tintas. Como já esperávamos o aumento nas vendas com a proximidade das festividades, atrelado à redução do imposto, preparamos nossos estoques e ampliamos nossa cartela de fornecedores."

Marcelo Roffe, diretor de mercadorias e marketing de produtos de outra grande rede, gestora de três bandeiras, cita que, desde os primeiros anúncios de redução de IPI sobre materiais de construção, foi percebido aumento considerável nas vendas nas unidades. Por isso, os pedidos junto aos fornecedores foram intensificados. "Mesmo as vendas estando melhores do que nos anos anteriores, o aquecimento não provocou falta de estoque. Além disso, os prazos de entrega foram mantidos. O cliente não sai da loja sem opção de compra."

A atenção, segundo outra rede de lojas, está voltada aos artigos decorativos. "O segundo semestre sempre fica marcado pelas compras de clientes que querem arrumar a casa para o Natal. Portanto, concentramos nosso estoque em itens chamados de ‘acabamento', como tintas, tapetes e artigos de metais", conta Mauro Florio, diretor de marketing do grupo.

Para o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) Cláudio Conz, o grande varejo é preparado para abastecer o mercado. "É esperado que os consumidores aproveitem a redução tributária dos produtos, principalmente neste fim de ano, afinal, os valores dos itens de construção ficam, em média, até 8% mais baixos".

Ele acrescenta que os clientes devem aproveitar o período para fazer as compras, já que ainda não se sabe se em 1º de janeiro o novo governo irá prorrogar a desoneração do IPI para materiais de construção. (Tauana Marin)

Cliente de baixa renda ganha mais com isenção
Os consumidores de menor poder aquisitivo foram os que mais sentiram, na prática, a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sob os itens de materiais de construção, afirma o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Claudio Conz.

"Clientes de menor renda geralmente fazem mais pesquisas de preço e optam pelos produtos mais em conta. Para quem estava construindo uma casa popular (em torno de R$ 40 mil), o benefício significou economia de aproximadamente R$ 1.500 ou a construção de um banheiro."

Conz explica que, no início da isenção do imposto, no começo de 2009, o varejo do setor trabalhou com preços médios porque os estoques ainda estavam com mercadorias antigas (a redução não valeu para itens já fabricados, e o giro das mercadorias do segmento é de 60 a 90 dias).

O varejo de material de construção fechou o ano passado com crescimento de 4,2% sobre 2008 e faturamento histórico de R$ 45,04 bilhões.

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