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FABRICANTES OPERAM A PLENA CARGA.

13.08.2010

O forte aquecimento da indústria de construção civil mudou a rotina dos fabricantes de materiais. Tanto os fornecedores de produtos básicos quanto de materiais de acabamento, como Deca, de material sanitário e louças, e as cimenteiras, estão operando à plena capacidade. Para as construtoras, a falta de produto ainda é pontual e não chega a atrasar as obras, mas o aumento dos preços já é visto como um problema. Pressionadas pela forte demanda de cimento no país, com taxas mensais de expansão de 12% a 14%, fabricantes estão recorrendo a importações mercados como Nordeste e Centro-Oeste. A Votorantim Cimentos, maior produtora nacional, está trazendo cerca de 300 mil toneladas de material do Vietnã. A Camargo Corrêa Cimentos, segundo informou José Édison Barros, presidente do conselho, está fazendo cotações em alguns países para trazer produto e suprir clientes a partir da fábrica de Jacareí (SP) enquanto seus programas de expansão sejam concluídos. No momento, já importa matéria-prima (clínquer e escória) da China e Japão para a fábrica de Suape (PE). A CSN, que estreou no setor em 2009, está trazendo cimento da China e outros países da região. A siderúrgica está duplicando sua fábrica de Volta Redonda (RJ), a Camargo Corrêa vai construir mais quatro e a Votorantim, com plano de R$ 5,5 bilhões desde 2007, vai instalar 22 novas fábricas. Na Tigre, empresa de tubos e conexões, de acordo com o vice-presidente, Paulo Nascentes, o orçamento de R$ 200 milhões para este ano está "rigorosamente" dentro do cronograma e a taxa de ocupação nas linhas de produção é de 85%. "Sempre trabalhamos com alguma ociosidade, justamente para suportar as variações do mercado", afirmou. No ano passado, a Tigre produziu 300 mil toneladas de tubos e conexões e prevê, para este ano, crescimento de 15%. A Duratex, maior fabricante de painéis de madeira do país e importante fornecedora de louças e metais sanitários, também foi surpreendida pela demanda significativa de janeiro a junho. A taxa de ocupação nas linhas de metais da Deca, que podem produzir 15,8 milhões de peças por ano, estava em 98%. Em louças, com fabricação anual de 7,2 milhões de unidades, o índice estava em 88%. Na expectativa de que o vigor do mercado se mantenha nos próximos anos, a companhia, controlada pela Itaúsa, anunciou investimentos de R$ 220 milhões na Deca, com expansão da fábrica de metais de Jundiaí (SP) e reativação, modernização e ampliação de uma unidade de louças em Queimados (RJ). O diretor financeiro e de relações com investidores, Flavio Donatelli, disse que R$ 120 milhões serão aplicados na operação paulista e R$ 100 milhões, no Rio. A fábrica de Queimados foi comprada da Ideal Standard em 2008, porém não havia sido ativada devido às condições de mercado à época da crise e da expansão recente na fábrica de louças paulista. "Os projetos estarão prontos entre o fim de 2011 e 2012". Apesar do elevado grau de ocupação das fábricas, não houve problemas de fornecimento de produtos, assegurou ele. Com um poder de barganha maior, as construtoras de grande porte não padecem da falta de material de construção em suas obras. Mas reclamam da logística para transportar os itens e do consequente aumento dos custos de transporte para atender regiões mais distantes. Segundo o diretor financeiro da Cyrela, Luís Largman, não existe atraso na entrega de materiais, porém descasamento de preços. Ele aponta o exemplo do aço, que subiu 12% no ano, contra alta do INCC de 5,9%. Segundo o diretor de construção da Gafisa, Mário Rocha, os fornecedores de produtos de acabamento deixaram de exportar para atender o mercado interno e, por isso, não há problema de atraso ou falta de material. No caso de materiais básicos, como aço, cimento e concreto, a companhia desenvolveu parceria estratégica de fornecimento. Dependendo da obra, a empresa chega a montar uma usina de concreto ou fábrica de blocos no canteiro. "O problema é maior em obras mais distantes, como no Norte e Nordeste", afirmou. No Nordeste, por conta da distância dos principais centros, há falta de produtos, principalmente tijolos. "As olarias que foram certificadas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) estão se achando as donas do mundo. Aumentaram o preço do tijolo em 45% nos últimos seis meses", revelou o presidente do Sinduscon-CE. Em Pernambuco, a Taperoá informa que a espera por uma encomenda de tijolos pode chegar a 30 dias. "Estou esperando dez dias para receber cimento. Antes, levava 24 horas", disse José Cyrino Neto. Segundo ele, a alternativa tem sido a busca de fornecedores menores, cujos preços são mais altos. "É pagar mais para não esperar." No Rio Grande do Sul, no caso do suprimento de materiais e equipamentos, as dificuldades são "pontuais", afirmou o presidente do Sinduscon-RS, Paulo Garcia. Segundo ele, algumas construtoras estão recebendo concreto nas obras em dez dias a duas semanas após o pedido, quando o prazo normal costuma ser de uma semana. "Mas os fornecedores e a indústria estão tentando se adequar", comentou. Em Minas, a falta de matéria-prima e mão de obra causa atrasos. Segundo o vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais , Theodomiro Diniz, os atrasos em média são de 25% ante o prazo previsto. Segundo Bruno Simões Dias, um dos proprietários da Precon, fábrica de telhas de amianto, argamassa e derivados de cimento, as dificuldades estão concentradas na baixa renda. O aquecimento da demanda é medido pelo ritmo de encomendas da Precon. A empresa, que não abre dados de produção mas afirma ter faturamento de R$ 200 milhões, deixou de incorporar novos clientes em sua carteira para garantir o fornecimento da clientela tradicional. "No setor de telhas e argamassas, estamos trabalhando com ociosidade zero. No de pré-fabricados de concreto, está em 85%", disse. Presidente do Sindicato da Indústria de Derivados de Cimento e dono da Premo, Hélio Dourado afirma que renegociou prazos de entrega. "Aumentamos nossa capacidade de produção de 3 mil metros cúbicos mensais para 5 mil metros cúbicos e a ociosidade atual é zero", afirmou.

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