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ROSSI ALTERA AUMENTO DE CAPITAL

23.10.2012

Ainda que não tenha divulgado quem são os investidores financeiros que participarão de sua operação de aumento de capital - no valor total de R$ 600 milhões -, a Rossi Residencial sinalizou, ontem, o perfil de pelo menos um deles. Trata-se de investidor que detém 20% de outra empresa do setor. De acordo com fonte do mercado, um investidor estrangeiro e um local participam do aumento de capital da Rossi. No mercado, comenta-se que o estrangeiro seja o Government of Singapore Investment Corporation (GIC).

Os acordos entre os acionistas controladores da Rossi e investidores financeiros asseguram a subscrição do valor total do aumento de capital. Ao informar, ontem, ao mercado as novas condições de sua capitalização, a Rossi divulgou que os acordos entre as partes estão sujeitos à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Segundo a Rossi, a necessidade de submeter a operação ao Cade resulta de a nova legislação estabelecer que a aquisição de 5% do capital de uma sociedade por investidor que já detenha participação de 20% no capital de outra empresa do setor imobiliário precisa de aprovação prévia do órgão regulador. "A Rossi não vê risco concorrencial nessa operação", acrescentou a empresa. Em fato relevante, a incorporadora disse acreditar que Cade irá aprovar a operação em rito sumário, "de forma a permitir a conclusão do aumento de capital até o final de janeiro de 2013".

A Rossi não informou quem são os investidores financeiros que participam da operação, com o argumento que os acordos firmados contêm cláusula de confidencialidade. "O apoio de grandes investidores financeiros e dos acionistas controladores para uma capitalização de R$ 600 milhões demonstra a confiança na Rossi", disse a incorporadora.

Como os atuais acionistas da Rossi terão direito de preferência na subscrição das ações, ainda não está claro qual será a participação dos controladores e investidores financeiros. Os controladores têm direito de preferência de subscrever até R$ 220 milhões, considerando que possuem 36,7% das ações ordinárias da Rossi. Isso significa que, em tese, o aporte máximo que os investidores se dispõem a fazer caso não haja nenhuma adesão dos minoritários à capitalização é de R$ 380 milhões. A Rossi não divulgou qual o aporte máximo assegurado por esses investidores.

O novo valor da operação de aumento de capital supera em 20% o divulgado, inicialmente, de R$ 500 milhões. Segundo a Rossi, o valor da operação foi elevado para acelerar o processo de desalavancagem e para que a companhia fique com estrutura de capital "ainda mais confortável". Com o aumento do valor da operação, o preço de emissão caiu de R$ 4,50 para R$ 4,00 por ação, e o número de novas ações subiu para 150 milhões.

"Esse desconto no valor da ação oferecido aos investidores é razoável depois da má impressão causada pela mudança na contabilidade dos balanços da Rossi", diz um analista que pediu para que seu nome não fosse identificado. Na avaliação desse profissional, a elevação de R$ 500 milhões para R$ 600 milhões pode significar que a companhia está precisando de mais recursos e que os atrasos de obras estão superiores ao esperado.

Nas novas condições do aumento de capital, a diluição dos acionistas minoritários que não subscreverem papéis na operação será ainda maior do que se previa inicialmente. "O mercado entende mal o fato que serão emitidas mais ações, e haverá diluição maior", diz um analista que acompanha o setor. Nas contas do analista do setor imobiliário da CGD Securities, Flávio Conde, a diluição de quem não acompanhar o aumento de capital passou de 29,3% para 35,8%.

Há quem questione se a mudança do valor da capitalização possa significar se a companhia não sabe ao certo quanto precisa para adequar sua estrutura de capital. Uma possibilidade apontada no mercado para a necessidade de a Rossi elevar os recursos que entrarão no seu caixa é o fato de sua alavancagem ter aumentado em decorrência da revisão contábil de seus balanços, pois o patrimônio líquido diminuiu.

O analista da CGD calcula que, com o novo valor de R$ 600 milhões, a relação entre dívida líquida e patrimônio líquido da Rossi passará dos atuais 108% para 89%, o que gerará algum alívio nas finanças da empresa. Ele aponta que o índice ainda ficará acima da zona de conforto do setor, que seria de um endividamento de até 60%, mas que já seria uma "boa melhora" no quadro financeiro da Rossi.

Com redução no preço por papel na operação de aumento de capital, as ações ordinárias da Rossi fecharam cotadas a R$ 4,75, com desvalorização de 2,26% na BM&FBovespa. O Ibovespa teve queda de 0,38%, cotado a 58.700 pontos. "O acionista minoritário ou vende ou deixa de comprar em vista do valor atual da ação", afirma Conde, da CGD Securities. Outro analista avalia que a queda no preço proposto por ação para a capitalização passa a impressão de alguma insegurança dos controladores e dos investidores financeiros (que liderarão a capitalização) quanto ao desempenho do papel, e esse fator deixa os minoritários receosos no curto prazo.

Para o médio prazo, porém, existe uma avaliação positiva do aumento do valor da capitalização e da garantia de que a operação irá acontecer. No fato relevante, a Rossi disse ter celebrado "acordos vinculantes, irrevogáveis e irretratáveis" com acionistas controladores e investidores financeiros. Para os analistas, isso sinaliza uma certeza maior de que o aumento de capital irá se concretizar, pois dá a entender que a família controladora e um grupo de investidores qualificados chegaram a um acordo.

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