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AUMENTA PARTICIPAÇÃO DO CRÉDITO BANCÁRIO NO SETOR

26.03.2013

Divulgação / DivulgaçãoMarino Mário da Silva: construção industrial e comercial ainda não foi contemplada pelo crédito tradicional

Enquanto o Orçamento Geral da União é o grande financiador da construção pesada - obras de infraestrutura, através dos agentes BNDES, Caixa Econômica Federal e outros bancos públicos -, o capital próprio ainda é a maior fonte de financiamento da construção residencial, industrial e comercial.

A novidade é que a participação atual do capital próprio no rol de fontes de recursos dos construtores é a metade do que era oito anos atrás, ao passo que a participação do crédito bancário se multiplicou por cinco no mesmo período, como revelam dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal agente de financiamento das obras de infraestrutura (portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrelétricas), aplicou R$ 52,9 bilhões nesse segmento em 2012. Isso representou 34% do total de desembolsos do banco, no valor de R$ 156 bilhões - alta de 12% em relação à 2011.

Dentro da infraestrutura, os setores que mais aplicam em construção são os de energia e logística. Somadas, as obras nessa área consumiram R$ 24,5 bilhões dos desembolsos do BNDES em 2012, 31% mais que em 2011. Os tomadores desses recursos são governos estaduais e municipais, estatais federais, estaduais e concessionários privados de serviços públicos, sempre em operações indiretas.

A participação no setor imobiliário (residencial, industrial e comercial) se limita ao Cartão BNDES, uma linha de crédito para aquisição de materiais de construção certificados, e a linha BNDES ProPac, que financia a contrapartida de estados, municípios e Distrito Federal em investimentos contemplados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como Minha Casa, Minha Vida. A linha do ProPac, com recursos do próprio banco, é operada pela Caixa Federal e agora também pelo Banco do Brasil.

Em 2012 o Cartão BNDES financiou mais de 151 mil transações de compra de materiais de construção civil e máquinas e equipamentos para o setor, somando R$ 1,52 bilhão em financiamentos aprovados. Esse valor representa alta de 64% em relação ao número de operações aprovadas em 2011.

Para 2013 o banco está focando na construção nas áreas de logística, mobilidade urbana, saneamento básico e o Programa de Turismo para a Copa de 2014 (ProCopa) que inclui reforma, ampliação e modernização de estádios e hotéis, afirma Ricardo Ramos, superintendente da área de Infraestrutura Social do BNDES.

Enquanto os bancos públicos se voltaram para a construção pesada e os privados comerciais para a indústria imobiliária residencial, a construção industrial e comercial ainda não foi contemplada pelo crédito tradicional. Não há recursos oficiais e os bancos privados entram apenas em projetos do chamado "build-to-suit", comprando contratos de locação de longo prazo com uma taxa de desconto, explica Marino Mário da Silva, diretor da Retha Imóveis, empresa especializada em construção e transformação de galpões industriais e logísticos, com mais de 800 mil metros quadrados entregues.

"Há um obstáculo ao crédito privado para a construção civil que é a falta de um mercado secundário para títulos privados", diz o economista Silvio Paixão, professor dos cursos de MBA da Fipecafi.

HEREDA ASSUME CAIXA E GEDDEL GANHA CARGO

25.03.2011

Desgastada pelos problemas envolvendo a compra do PanAmericano, banco que continha uma série de irregularidades só detectadas pelo Banco Central meses depois da aquisição, e em meio a uma intensa disputa por espaço no segundo escalão, a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, pediu demissão na manhã de ontem.

Ela será substituída pelo atual vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Fontes Hereda, que comandava o programa Minha Casa Minha Vida e os projetos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo pessoas próximas à Maria Fernanda, ela entregou o cargo por sentir que não teria condições de colocar em prática as mudanças que julgava necessárias para a Caixa nem de indicar os nomes para os postos chaves da instituição.

Em entrevista ao Valor, ela não quis comentar os motivos de sua saída, dias antes de completar cinco anos à frente do banco. Disse que as mudanças fazem parte do "processo democrático" e que "sai satisfeita e orgulhosa das contribuições que deu à instituição." Maria Fernanda é a segunda pessoa que mais tempo permaneceu na presidência da Caixa.

"Houve um processo de entendimento, de negociação, de articulação, mantendo a excelente relação que sempre tive com o ministro [da Fazenda] Guido [Mantega], de cinco anos. Mas considero que a missão que tive na empresa está concluída. Sou verdadeiramente apaixonada pela empresa onde passei mais da metade da minha vida (27 anos)", afirmou. Ela disse que todos os desafios foram enfrentados e solucionados. Ela cita como exemplo o caso PanAmericano, que ela considera "absolutamente equacionado" e que ainda trará "lucros para o acionista" (Tesouro Nacional).

Disse ainda que o fato de ter sido escolhido o nome de Hereda, que comandava os projetos ligados ao governo federal, mostra que a presidente da República, Dilma Rousseff, mostra seu "reconhecimento ao trabalho efetuado pela Caixa". O MCMV cumpriu a promessa de 1 milhão de contratos e o crédito da instituição avançou mais de 30% ao ano, mesmo durante a crise, chegando a R$ 180 bilhões, grande parte em função do crédito imobiliário.

Hereda está na instituição desde 2005, vindo da secretária de Habitação do Ministério das Cidades. Antes trabalhou nas prefeituras do ABC paulista. Baiano de Salvador, com formação em arquitetura e urbanismo, foi responsável pelo crédito imobiliário e pela implantação do MCMV e dos projetos do PAC e vem com o aval e indicação da presidente Dilma Rousseff. Dilma está puxando para próximo dela todas as pessoas que têm ligação com o PAC, a exemplo do que fez com a ministra da Planejamento, Miriam Belchior.

Na diretoria também houve mudanças. Para o lugar de Hereda, entra seu antigo subordinado, José Urbano Duarte, funcionário de carreira da Caixa. Saem Carlos Augusto Borges, Clarice Copetti, Bolívar Moura Neto e Carlos de Brito.

Entram o ex-Ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), na vice-presidência de Pessoa Jurídica, indicação do partido. Marcos Vasconcelos e Márcio Percival continuam na instituição. Sérgio Rodrigues, ligado ao PTB, também segue em Logística, assim como Édilo Valadares, na cota do PT de Minas e Fábio Lenza, de Pessoa Física, na conta do PMDB.

Segundo o Valor apurou, a briga política foi intensa pelos cargos na Caixa, inclusive dentro do próprio PT: Jorge Hereda de um lado e o grupo formado por Maria Fernanda, Clarice Copetti e Carlos Borges do outro. Borges é ligado ao ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini, nome do sindicalismo bancário que já perdeu espaço com mudanças no Banco do Brasil.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, estava inclinado a manter Maria Fernanda, assim como Dilma, que já havia decidido, meses atrás, que ela ficaria.

O PMDB, que antes tinha na vice-presidência de Fundos e Loterias, Wellington Moreira Franco, e Fábio Lenza na pessoa física (que permanece), ficou também com a vice-presidência de Pessoas Jurídicas, com Geddel.

A bancada do PT esperava que a saída de Maria Fernanda fosse suspender as nomeações para os demais cargos da diretoria e foram pegos de surpresa com a informação de que Geddel estava confirmado. O PT sempre teve influência na CEF, mas agora assiste às nomeações feitas à revelia do partido.

A disputa diminuiu e resta apenas a diretoria de Fundos, vaga deixada por Moreira Franco, que pode ficar com o PMDB do Rio, em compensação pela perda de Furnas. O nome de Ernesto Lozardo, economista da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, também é cogitado, por indicação da Fazenda. (Colaborou Raymundo Costa)

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