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Há nove meses que o indicador mais utilizado no País para correção dos contratos de aluguel de imóveis não registra variação tão baixa. O Índice Geral de Preços - Mercado acumulou alta de 8%, em 12 meses, em agosto. Esse reajuste deu um pouco de fôlego no bolso dos locatários que buscam novas moradias.
Em setembro do ano passado o IGP-M tinha acumulado em 12 meses 7,7%. Nos meses seguintes escalou para as alturas até atingir o topo de 11,50% em janeiro. Na época, quem teve a correção do aluguel vinculada ao mês pagou caro. Mas de lá para cá, o indicador apresentou quedas consecutivas, até que em junho saiu da casa dos 9%, com 8,6%, em julho 8,3% e agora chegou a 8%.
Na avaliação do professor doutor em Economia do Ibmec Márcio Salvato, até o fim do ano o montante acumulado em 12 meses do IGP-M será ainda menor. "Na série histórica, os resultados deste ano estão menores do que no ano passado, em percentual mensal. Mesmo que setembro, outubro e novembro sejam, sazonalmente, períodos de pressão inflacionária maior em relação ao restante do ano, no acumulado de 12 meses os percentuais deste ano vão baixar o índice."
Os resultados do IGP-M são do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. Apesar de muito utilizado para a correção das locações imobiliárias e nos contratos de fornecimento de energia elétrica, o índice é formado pela inflação de vários setores e coletado entre o dia 21 do mês anterior e 20 do mês de sua divulgação.
Por meio de média aritmética ponderada, o IGP-M é composto pela variação dos preços ao produtor (IPA), no atacado, que representa 60% do indicador, pela inflação ou deflação ao consumidor (IPC), que gera 30% do índice, e pelos custos da construção (INCC), responsáveis por 10%.
 
CONTRATOS
O coordenador do curso de negócios imobiliários da Fundação Armando Álvares Penteado, Ricardo de Almeida, explicou que os inquilinos podem não encontrar imóveis com preços tão atrativos quanto se pagarem o reajuste de 8%, caso seus atuais contratos tenham aniversário vinculado ao IGP-M de agosto.
Entre os argumentos apresentados pelo especialista está a falta de unidades para alugar, o que resulta em encarecimento geral dos disponíveis. "Se você for procurar um apartamento de dois dormitórios hoje, que esteja na mesma região e categoria do que reside atualmente, encontrará por R$ 1.600 ao mês. Enquanto isso, o seu contrato prevê ajuste de R$ 1.000 para R$ 1.080 com o IGP-M", exemplificou Almeida.
Ele destacou que a valorização imobiliária em geral, na Grande São Paulo, impulsionada pelo cenário econômico aquecido, também contribui para que os locadores elevem os aluguéis dos seus imóveis.
O consultor do Sindicato da Habitação de São Paulo Cícero Yagi disse que a demanda por locação está muito aquecida na Grande São Paulo. "Realmente a oferta está reduzida frente à procura, o que contribui para os altos preços dos apartamentos e salas comerciais não ocupados", justificou.
Pesquisa sobre valores de locação residencial, realizada pelo Secovi-SP, revelou que os contratos novos de locação fechados em julho registraram avanço médio de valores de, aproximadamente, 18% em relação a julho de 2010.
 
PREÇO ALTO
Em busca de local para começar novo negócio, a comerciante andreense Sonia Paki está assustada com os preços dos imóveis comerciais que encontrou no Grande ABC. "Eu quero abrir agência de viagens. Como será minha primeira experiência no ramo, concordo em pagar até R$ 3.000 de aluguel", contou.
O problema é que além de preços bem mais altos do que a sua meta, entre R$ 3.500 e R$ 4.500, ela encontrou outras dificuldades como contratos de no mínimo 36 meses e cobrança de luva, ou seja, preço pelo ponto, mesmo com o antigo comércio fechado há tempo. "Estou quase desistindo de abrir o negócio", desabafou.
A cobrança da luva é comum nos contratos de imóveis comerciais, mas vem saindo de moda, disse o consultor do Sindicato da Habitação de São Paulo Cícero Yagi. "É questão de acordo entre o locador e o inquilino. Alguns lugares são determinantes para o sucesso do negócio, são cruciais para que o você ganhe dinheiro. Então há uma cobrança pelo ponto."
 
CORREÇÃO
Como o Índice Geral de Preços - Mercado foi publicado ontem, contratos atrelados ao indicador terão correção de 8% se os aniversários ocorreram entre terça-feira e o próximo IGP-M, previsto para o fim de setembro.
Portanto inquilinos com o vencimento do documento ontem e hoje terão a mensalidade de setembro reajustada em 8%. Por outro lado, como ocorre normalmente no mercado, quem tem contrato com aniversário em setembro, até a véspera da próxima divulgação do IGP-M, terá a mensalidade reajustada com o percentual e o pagamento previso para outubro
 
DEFLAÇÃO
A batata inglesa foi o produto que mais puxou para baixo a inflação às famílias, com recuou de 23,6%. Em seguida aparece o alho, com redução de 6,7%.