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UM SÍMBOLO DO BOOM IMOBILIÁRIO BRASILEIRO

04.04.2012

Eis um provável candidato para ser o símbolo oficial da década de boom de investimentos no Brasil: o prédio de escritórios semiacabado Malzoni, uma imponente estrutura em forma de mesa na elegante Avenida Faria Lima, na zona sul de São Paulo. Construído no último lote da Faria Lima aprovado para uma torre de escritórios, o edifício de 73.000 metros quadrados é a cereja do bolo de uma década em que o índice acionário iBovespa quintuplicou e São Paulo ganhou espaço como um dos principais centros financeiros do mundo. Alguns de seus andares estão entre os maiores da América Latina em prédios de escritórios. Quando foi vendido em 2008, o lote estava entre os mais caros da história da cidade. Além disso, o edifício revestido de vidro negro espelhado já está totalmente alugado a preços recordes, até R$ 200 por metro quadrado. Isso o coloca em pé de igualdade com os aluguéis dos edifícios de escritórios mais nobres do centro de Nova York. Todo mundo dizia que estávamos loucos, mas seu valor continua subindo, diz Paulo Malzoni Filho, um executivo do Grupo Malzoni, empresa de controle familiar do setor imobiliário e construtora de shopping centers, que é a sócia majoritária do edifício. O sucesso do Malzoni é um sinal de que os edifícios de alta qualidade no mercado imobiliário comercial de São Paulo continuam atraindo interesse, apesar da desaceleração da economia brasileira no ano passado. Também é um bom indicador para as incorporadoras especializadas em edifícios comerciais da cidade, que planejam entregar cerca de 500.000 metros quadrados em novas construções em 2013, segundo a firma americana de serviços imobiliários CBRE Group Inc. A disposição dos inquilinos para pagar aluguéis tão altos ilustra a escassez de espaços de escritório de alta qualidade em um país que atrai uma enxurrada de investimentos estrangeiros diretos. Entre os futuros ocupantes da torre Malzoni está o banco de investimento BTG Pactual, que comprou cinco andares. Entre os inquilinos estão o Banco da China, uma marca do novo status daquele país como maior parceiro comercial do Brasil; e a Google, uma das grandes empresas americanas que buscam tirar proveito do crescimento do país. O edifício Malzoni oferece alguns luxos, como estacionamento com manobristas, que aguardam numa elegante área de recepção revestida de mármore preto e branco, digna de um resort. Um restaurante Fasano vai abrir suas portas num jardim do edifício. Os clientes poderão fazer negócios em salas de jantar privadas ou comendo ao ar livre, ao lado de um espelho dágua. Em uma cidade com uma das maiores frotas de helicóptero do mundo, qualquer edifício que se preze tem um heliponto. Mas o Malzoni vai além, e pretende, assim que conseguir um alvará, oferecer um estacionamento de helicópteros no teto do edifício, o primeiro de São Paulo. Oficialmente batizado de Pátio Victor Malzoni, uma homenagem ao falecido patriarca da família, o prédio parece uma mesa gigante: duas torres de 19 andares, unidas por uma seção de 11 andares suspensa no ar por uma base de concreto e metal com seis metros de espessura. A inusitada construção teve de se enquadrar nos códigos ambientais e de construção que costumam atrasar obras no Brasil e que, portanto, podem limitar a oferta de novos edifícios de escritórios. A firma paulista Botti Rubin Arquitetos Associados projetou o edifício para cobrir as ruínas de uma casa bandeirista autêntica do século XVIII, que as autoridades consideram como um patrimônio histórico. A casa de pioneiros foi reconstruída como parte do acordo, e suas paredes caiadas e telhado vermelho oferecem um contraste histórico para a gigantesca estrutura construída sobre ela. As obras do edifício de escritórios devem ser concluídas em poucas semanas e ele passará a ser equipado ao gosto dos inquilinos. Isso inclui a instalação de filtros de ar condicionado especiais resistentes ao pelo de cachorro, para que os funcionários da Google possam trazer seus animais de estimação para o trabalho. Também haverá uma parede para praticantes de escalada e uma árvore para escalada no interior do prédio, para manter a criatividade dos empregados da Google fluindo. A Google não quis comentar. Paulo Malzoni, um magnata do setor de shopping centers, esteve de olho no terreno do edifício durante mais de uma década e pensou em comprá-lo no passado, mas recusou-se a pagar os R$ 100 milhões que os proprietários queriam. Mas sua empresa acabou pagando muito mais por ele. Um empreendimento conjunto entre a firma de Malzoni e a unidade brasileira da canadense Brookfield Asset Management comprou o terreno por R$ 200 milhões, mais a promessa de dar quase um terço do edifício acabado para os vendedores. Em 2010, o grupo Malzoni comprou a participação da Brookfield, pagando R$ 17.655 por metro quadrado, ou um total de R$ 600,6 milhões.

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