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CANTEIROS TAMBÉM SERVEM PARA TREINAMENTO

31.01.2012

Para driblar a escassez e a falta de formação de mão de obra, pequenas e médias construtoras organizam treinamentos internos, fazem rodízio de funções nos canteiros e adotam sistemas construtivos industrializados que reduzem a necessidade de trabalhadores.

Em busca de produtividade, as empresas têm ampliado processos de qualificação até mesmo nos canteiros, diz Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Pesquisa feita pela entidade e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que 89% das companhias do setor sofrem com a falta de trabalhadores qualificados e 94% têm dificuldade em encontrar profissionais com qualificação básica, como pedreiros e serventes. Pelo menos 64% dos pesquisados promovem capacitações internas.

Na Ishikawa Engenharia, com 35 funcionários, as aulas de carpintaria são comuns nos locais de construção. Ao mesmo tempo, a empresa criou um rodízio de funções para não perder funcionários qualificados. "Temos colaboradores com mais de dez anos de casa", afirma o dono da construtora, Haruo Ishikawa.

No esquema de rodízio, quem começou um projeto de 30 meses como pedreiro pode terminar a obra como azulejista e permanecer empregado durante todo o contrato. Os negócios na construtora devem aumentar de 25% a 35% este ano, ante 2011. "Estamos construindo, simultaneamente, até três prédios", diz o empresário, com vagas abertas para carpinteiros e ajudantes.

Na construtora Costa Feitosa, a solução foi adotar sistemas construtivos industrializados que reduzem em até 50% a necessidade de mão de obra para postos de menor especialização, como pedreiros, carpinteiros e armadores. "Embora seja difícil encontrar engenheiros, o problema é ainda maior para as funções mais básicas, por conta de uma maior necessidade desses profissionais nas frentes de trabalho", diz o diretor-presidente Tércio Costa Feitosa.

"Há escassez de pessoal em todos os níveis", diz Eduardo Senra, diretor da construtora Sempre Engenharia, especializada no segmento corporativo e industrial. Para ele, o Brasil forma menos engenheiros do que precisa. "É urgente a expansão de escolas de engenharia de alto nível."

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) oferece mais de 40 cursos na área de construção civil, como gesseiro, serralheiro e desenhistas de esquadrias. O curso técnico em edificações, por exemplo, tem 1,2 mil horas aulas e habilita o aluno a participar de projetos e da execução de obras.

No varejo de material de construção, o treinamento para a frente do balcão também está na agenda dos empresários. Antes de converter sua loja em Vinhedo (SP) numa franquia da rede Dicico, o empresário Marcos Reis teve de estudar os novos produtos à venda e treinar 50 funcionários. A operação começou em setembro do ano passado e, mesmo com a fase de aprendizado, as vendas foram animadoras.

Para Hailton Liberatore, diretor da construtora Libercon, a falta de profissionais pode ser contornada também com melhorias nas políticas de benefícios e de remuneração variável. Mas, além de problemas com recursos humanos, o empresário diz que o setor precisa vencer os constantes reajustes dos preços dos materiais. (JS)

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