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PLANO REAL GARANTE CASA PRÓPRIA A 74,5%

17.07.2011

Depois de 17 anos da circulação do real, lançado dentro de pacote econômico que permitiu estabilizar os preços, 74,5% dos moradores de Santo André, São Bernardo e São Caetano têm motivo para comemorar. Fazem parte do grupo dos que têm, ou pagam, o imóvel próprio. Em 1994, quando entrou em circulação a moeda nacional, essa fatia era de 68,8%.
Os dados são da Pesquisa Socioeconômica do Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano. Como o estudo captava apenas informações das três cidades em 1994, não é possível mostrar crescimento sobre o Grande ABC.
PREÇOS -  Antes do real, vários planos econômicos lançados um após o outro dificultavam a vida dos moradores da região quando o assunto era comprar uma casa. A inflação era alta, chegou a atingir 29,7% ao mês, em maio de 1993, segundo o Índice Geral de Preços - Mercado da Fundação Getulio Vargas.
O Plano Real engordou o salário do trabalhador. Hoje, menos pessoas dependem do aluguel para ficar sob um teto. Em 1994, 21,5% dos moradores das três cidades alugavam imóvel. Em agosto, o percentual caiu para 16,3%, e 8,7% estão e casas cedidas.
AUTOMÓVEL - O conforto do carro agora é para a maioria. Se antes, nas três cidades, esse número já era respeitável, de 65,2%, em agosto o veículo virou item básico na garagem de 70,4% dos habitantes. Nessa caminhada de melhora na vida, a dependência de produtos tecnológicos acompanhou o boom da casa própria.
O telefone celular, que na época era posse dos endinheirados, tanto que nem era classificado pelo Inpes, hoje está nas mãos de 93,3% dos moradores. Há quase oito anos, o percentual era de 57,3%, primeira vez que o produto foi pesquisado. Sem contar os cidadãos que usam mais de um aparelho.
O buraco econômico era tão largo, profundo, que o sucesso do Plano Real em melhorar a economia do País, permitindo a elevação da concorrência, com novas empresas, e o aumento da capacidade de encher a cesta de compras demorou cinco anos para ser construído, avalia a diretora do Inpes, Maria do Carmo Romeiro. "A estabilidade nos preços é condição sine qua non para todo o resto do processo de desenvolvimento. Não dá para ter isso com inflação galopante. Mas é evidente que a partir daí se tem reflexos ora positivos ora negativos."
Participação na indústria cai com o passar dos anos
No setor produtivo, nem sempre os resultados foram positivos após a implementação do Plano Real. A indústria hoje é um dos motores da economia do Grande ABC, alavancada pelas montadoras, que nos últimos anos bateram recordes de produção e vendas. Mas o percentual de trabalhadores de Santo André, São Bernardo e São Caetano na indústria caiu de 32,4% apra 23,8% nos 17 anos do real.
Mas chegou a ser bem maior em 2003, quando atingiu 37,1%. Perde para Serviços, atividade principal de 53,4% dos cerca de 2,5 milhões de moradores da região. Comércio está em paridade com a indústria, em 22,5%.
Esse declínio se arrastou pela indústria nacional e afeta fortemente empresas de tecnologia e conhecimento, na avaliação do professor do Instituto de Economia da Unicamp Giuliano de Oliveira. "A atração de capitais de curto prazo implicam esse resultado e tem efeitos negativos diversos, inclusive para o setor de conhecimento e tecnologia."
O professor de economia Geraldo Biasoto, licenciado da Unicamp, completa que durante os primeiros anos do Plano Real, "a moeda estava muito valorizada frente ao dólar, prejudicou a indústria do ponto de vista da exportação". Se seguraram com a entrada de recursos externos.
Antes disso, uma das consequência da competitividade foi que começou período crônico, doloroso, de desemprego em alta. Cenário que começou a se reverter de forma significativa apenas a partir de 2005.

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