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MRV CAI 7% E LEVA SETOR JUNTO NA BOLSA

17.12.2010

As ações da MRVEngenharia caíram 7% ontem e derrubaram todo o setor de construção na bolsa paulista. Investidores zeraram posição nos papéis da empresa mineira depois de uma sucessão de fatos instalar um mal-estar no mercado em relação à administração.

Após o encerramento do pregão do dia 14, a empresa informou que seu diretor-presidente e principal acionista, Rubens Menin, vendeu na manhã daquele dia 12 milhões de ações, o que reduziu, de 34,6% para 32,1% sua fatia na empresa.

 

No dia seguinte, investidores entraram em contato com a companhia para ter mais detalhes sobre as razões da venda. Embora não tenha sido essa a explicação para a redução da participação de Menin, fala-se no mercado que a empresa teria comentado com alguns deles que não cumpriria a projeção de vendas para o quarto trimestre. A expectativa seria a de que elas ficassem em cerca de 80% do piso sinalizado, de R$ 1,1 bilhão.

 

A informação, precedida pela venda de ações do diretor-presidente, causou estranheza sobretudo porque, no dia 18 de novembro, a companhia organizou um MRV Day e, reunida com analistas, mostrou-se muito otimista. Segundo relatórios de analistas presentes, a empresa falou em crescimento das vendas, manutenção e até aumento das margens, mas destacou uma possível queda na velocidade de vendas no quarto trimestre. No terceiro trimestre, a velocidade de vendas da MRV foi de 33%, a mais alta do setor, ao lado da PDG Realty.

No pregão do dia 15, os papéis caíram 6,5% e negociaram R$ 206 milhões, mantendo o giro atípico do dia anterior, de R$ 255 milhões, por conta da venda do controlador. A média diária no ano até dia 10 é de R$ 43 milhões.

Ontem, bancos estrangeiros distribuíram comentários a seus clientes afirmando que a empresa não cumpriria as projeções. A venda foi generalizada, com R$ 307 milhões negociados.

Rubens Menin classifica o movimento como especulativo e diz que ninguém da companhia sinalizou queda de vendas no quarto trimestre. "Não podemos falar agora sobre vendas até porque o mês não acabou", disse. "Eu jamais operaria o mercado e colocaria a perder a credibilidade que construí ao longo desses anos e o futuro da minha empresa, tenho mais de 30% da companhia", disse Menin. "A queda do meu patrimônio foi maior do que o que eu coloquei no bolso com a venda."

Ele não revela porque vendeu as ações. Diz que traçou um plano pessoal de vender um pouco de ações por ano. Em dezembro do ano passado, já havia vendido 10,5 milhões de papéis. No entanto, a partir do ano que vem, essas vendas podem ocorrer em intervalos mais curtos. Menin se comprometeu a não vender nenhuma ação da companhia até junho de 2011.

Conforme informações disponíveis na CVM, diretores e o controlador da MRV têm o hábito colocar suas ações para aluguel. O vice-presidente financeiro, Leonardo Corrêa, explica que a intenção do aluguel é ampliar a liquidez dos papéis.

O executivo também ressalta que a companhia não alterou a projeção de vendas e continua com o mesmo discurso de quando ela foi transmitida aos investidores. "Dissemos que a projeção seria um desafio, pois teríamos de vender mais no último trimestre do que vendemos nos anteriores. Continuamos dizendo o mesmo, até porque o mês não acabou."

As vendas contratadas da MRV no terceiro trimestre caíram em relação ao segundo - depois de seguidos recordes de alta. No segundo trimestre, a companhia teve vendas contratadas de R$ 981,9 milhões. No terceiro, caiu para R$ 889,7 milhões. Nos nove primeiros meses do ano, vendeu R$ 2,6 bilhões e a projeção para o ano varia de R$ 3,7 bilhões a R$ 4,3 bilhões. A maioria das construtoras deixa um volume grande de lançamento e, consequentemente, de vendas para o último trimestre.

Menin também atribui o movimento ao fato de a Caixa Econômica Federalter adiado para janeiro o anúncio do novo teto do Minha Casa, Minha Vida.

Na segunda-feira, houve uma reunião da Caixa e, à noite, foi anunciado que não haveria uma revisão dos preços do programa. O que se fala é que a presidente eleita, Dilma Rousseff, é quem vai anunciar os novos valores.

Há uma reivindicação do setor para que o teto do programa - hoje em R$ 120 mil - seja aumentado por conta do aumento dos custos, principalmente de terreno e mão-de-obra. A MRV é a maior contratante do Minha Casa, Minha Vida e a principal cliente da Caixa Econômica.

A MRV é uma empresa bastante respeitada pelo mercado e considerada transparente por analistas. Por atuar na baixa renda, durante um longo tempo foi negociada com prêmio em relação às principais concorrentes

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