ACIGABC

Notícias

TIJOLO POR TIJOLO

31.01.2012

Após um crescimento recorde de 11,6% em 2010, o maior dos últimos 24 anos, o setor de construção civil deve avançar 5% em 2012. Será a mesma alta registrada no ano passado mas, segundo especialistas, o mercado continuará aquecido. Ações do governo, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa Minha Vida, maior oferta de crédito imobiliário, além de projetos para a Copa, devem garantir fôlego extra para pequenas e médias construtoras, lojas de material de construção e empresas de serviços.

A recente liberação do FGTS para reformas também deve movimentar o segmento de obras de porte reduzido. A linha de crédito aprovada pelo governo no início do mês tem limite de R$ 20 mil por pessoa, com juros de 12% e 120 meses para pagamento.

Há, ainda, novas tendências na área de construção, como o deslocamento de mais canteiros para o interior, longe dos grandes centros, novas redes de franquias de serviços e contratos com empresas estrangeiras. Para atender a demanda crescente, as construtoras investem em novos nichos de atuação e melhorias nas áreas de produção e controle de qualidade. Ao mesmo tempo, precisam pôr abaixo obstáculos como a escassez de mão de obra qualificada e a falta de velocidade do poder público no licenciamento de obras.

"Nosso volume de lançamentos deve saltar 170% em relação ao ano passado, chegando a 22 novas obras", diz Eduardo Raineri de Almeida, diretor da construtora Pacaembu, de Bauru (SP). Os projetos devem gerar aproximadamente R$ 920 milhões em valor geral de vendas (VGV), em um período de 18 a 20 meses.


"O setor é responsável por materializar as bases do desenvolvimento nacional, como a construção de indústrias, rodovias, hidrelétricas e moradias", diz Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento reúne 168 mil pequenas e médias empresas e 500 grandes companhias. Os empreendedores de menor porte são responsáveis por 54% dos negócios, com movimentação anual de R$ 111 bilhões.

Segundo Simão, 46,7% das companhias estão no Sudeste, 24,4% ficam no Sul, 15,5% no Nordeste, 9,3% no Centro-Oeste e 3,9% dos empresários atuam na região Norte. Para explorar melhor a boa fase da economia, o presidente da CBIC aconselha que as empresas façam um planejamento estratégico das atividades do ano e acompanhem a evolução dos processos produtivos para ganhar mercado.

Na construtora Altana, que trabalha com incorporação de imóveis no segmento econômico, os negócios ganharam força no segundo semestre de 2011, graças à revisão de valores do Minha Casa, Minha Vida. Em julho, o preço médio das habitações para famílias com renda de até R$ 1,6 mil passou de R$ 42 mil para R$ 55 mil, reajuste de 31%.

Uma nova etapa do programa prevê a construção de dois milhões de moradias, até 2014 "Além disso, as perspectivas para 2012 também são positivas por conta da queda da taxa de juros, o que sempre ajuda o mercado imobiliário", diz o diretor da Altana, Frederico Azevedo.

A construtora, com 20 funcionários, fez dois lançamentos em 2011, em São Paulo (SP), com um total de 400 unidades e valor geral de vendas (VGV) de R$ 65 milhões. Para 2012, há três lançamentos previstos, com um total de 1,9 mil moradias e valor total de R$ 300 milhões. Para acompanhar o volume de obras, Azevedo investiu em sistemas de gestão e na qualificação de empreiteiros, prestadores de serviço e funcionários.

Para este ano, a estimativa de investimento é de cerca de R$ 40 milhões, valor 60% maior do que o aplicado no ano passado. "Vamos investir na compra de terrenos, na incorporação e execução de obras", diz Azevedo. Durante o ano, além de projetos populares, a construtora pretende entrar na faixa de mercado imediatamente acima, com produtos entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. "Ainda faltam no setor novos mecanismos de financiamento para a incorporação, construção com taxas de juros mais baixas, maior desenvolvimento do nicho de hipotecas e desoneração tributária dos insumos", afirma.

Também com foco em baixa renda, a construtora Pacaembu entregou no ano passado conjuntos residenciais em oito cidades do interior paulista, como Avaré, Botucatu e Campinas. "Precisamos de mais agilidade nas aprovações e licenciamento de projetos", diz Almeida.

Para não dar espaço à concorrência, a Pacaembu botou a mão no bolso e fez melhorias administrativas. Montou departamentos de recursos humanos e de contabilidade, antes terceirizados, para ganhar velocidade nos processos internos, e uma nova área de auditoria para fazer o controle de qualidade nas obras.

Na construtora Costa Feitosa, especializada em obras industriais, comerciais e escolas, os orçamentos em andamento apontam para um faturamento de mais de R$ 100 milhões em 2012, de acordo com o diretor-presidente Tércio Costa Feitosa. No ano passado, entregou construções em São Caetano do Sul, Araraquara, Limeira, Guarulhos (SP) e Navegantes (SC), com um faturamento de cerca de R$ 80 milhões. A maioria dos clientes eram empresas multinacionais.

"Com a estagnação da economia na Europa e nos Estados Unidos, aliada ao aquecimento do mercado interno, as multinacionais estão apostando no Brasil", avalia Feitosa. "Querem construir ou ampliar unidades de negócios no país para obter lucros em outras regiões." Dos cinco principais contratos da construtora no ano passado, três vieram de matrizes da Espanha, Alemanha e Estados Unidos.

últimas notícias