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BUSCA POR HIPOTECA DE IMÓVEL CRESCE 614%

05.08.2011

O crescimento da economia, somado ao aumento do poder de compra e à estabilidade no emprego geram um sentimento de confiança no consumidor, que fica predisposto a arriscar mais e a se tornar mais desapegado aos bens materiais. O cenário contribui à expansão de uma modalidade de financiamento até então pouco comum no País, mas bastante disseminada nos Estados Unidos: a hipoteca de imóveis, também conhecida como home equity ou refinanciamento da casa própria.
No Grande ABC, somente até julho foram emprestados R$ 20 milhões para essa modalidade. O montante é 614% maior do que o total financiado em todo o ano passado, quando o crédito atingiu R$ 2,8 milhões. Em 2009, a soma alcançou R$ 1,6 milhão. Os dados referem-se somente ao valor liberado pela Caixa Econômica Federal, que disponibiliza números para a região.
Na avaliação do gerente regional de negócios pessoa física da Caixa, Edvaldo Contin, o que ajuda a explicar o vigoroso crescimento é a mudança nas condições do empréstimo. "Neste ano passamos a aceitar apenas um imóvel como garantia. Até o ano passado, era preciso que o solicitante tivesse pelo menos dois em seu nome. Além disso, o prazo para amortização, que girava em torno de 60 meses (cinco anos), passou para 180 meses (15 anos)."
As taxas, bastante atrativas, são de 1,69% + TR ao mês, porém, o valor mínimo a ser emprestado é de R$ 20 mil. Para solicitar a modalidade, a casa ou apartamento que será alienado precisa estar quitado. Além disso, o valor máximo a ser emprestado corresponderá a metade do preço do imóvel. Ou seja, se ele for avaliado em R$ 100 mil, o cliente pode financiar até R$ 50 mil.
A linha de crédito, que em julho registrou marca de R$ 1 bilhão em saldo de operações contratadas em todo o País, não tem destinação específica para os recursos. Contin revela, entretanto, que na região a maior demanda é feita por empresários, que acham mais vantajoso fazer empréstimo em seu nome do que como pessoa jurídica para levantar capital de giro, por exemplo; por pessoas que precisam pagar o estudo dos filhos, caso de faculdade de medicina, e por quem necessita realizar reestruturação financeira, que está endividado por conta de gastos com cheque especial e cartão de crédito. A expectativa da Caixa é encerrar o ano com R$ 50 milhões em operações contratadas na região.
BALANÇA - Para o consultor em finanças pessoais Ricardo Humberto Rocha, também professor do laboratório de finanças da FIA, é preciso ter cautela ao optar pela modalidade. "A alienação fiduciária do imóvel é interessante para quem possui dívidas de alto valor, que superem R$ 80 mil ou R$ 100 mil", avalia. "Isso porque esse tipo de empréstimo embute o risco da perda do bem, caso a pessoa não consiga pagar as parcelas, e ela terá um custo com documentação para hipotecar a casa própria."
Quem estiver devendo até R$ 20 mil ou R$ 30 mil, vale a pena vender o carro, orienta Rocha. Na ausência desse bem, o ideal é tentar negociar um crédito pessoal, como o CDC que, embora tenha juros maiores, em torno de 3,38% ao mês, não é arriscado.
"Essa é uma modalidade em que se aventura quem possui um negócio próprio e sabe que, todos os meses, terá recursos em caixa para pagar o empréstimo. Ou quando a pessoa realmente já acumulou dívida praticamente impagável."

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