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PREÇOS DOS IMÓVEIS TÊM NOVA QUEDA REAL NA REGIÃO

04.03.2016

O preço médio do metro quadrado dos imóveis usados na região apresentou quedas reais (descontada a inflação) em fevereiro e nos acumulados do ano e de 12 meses. Os dados foram divulgados ontem e integram o levantamento da FipeZap, feito em parceria entre a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e o portal Zap Imóveis. A pesquisa é realizada com base em anúncios na internet.

A restrição ao crédito, o aumento do desemprego e o temor do consumidor diante do cenário atual da economia brasileira estão entre os fatores que provocaram a redução nos valores cobrados, já que puxam para baixo a demanda por imóveis. “Além disso, desde meados da década passada, houve elevação muito forte e acentuada nos preços. Seria natural que houvesse essa desaceleração. Soma-se a isso o fato de que as perspectivas para 2016, 2017 e até 2018 são negativas, de modo que as pessoas vão pensar duas vezes antes de adquirir um bem”, comenta Bruno Oliva, economista da Fipe.

Na região, o maior percentual de queda no acumulado de 12 meses foi registrado em São Bernardo: -7,25%. Em seguida estão São Caetano (-6,11%) e Santo André (-4,58%). Na Capital, a retração foi de 7,98%. O Índice FipeZap Ampliado, que leva em conta os preços em 20 das maiores cidades brasileiras, ficou negativo em 8,85%. As variações são reais, ou seja, já consideram a inflação do período, que, segundo estimativa do Relatório Focus, do Banco Central, deve atingir 10,41% entre março de 2015 e fevereiro de 2016. Diante da incerteza nos cenários político e econômico, Oliva projeta que os preços devem continuar caindo neste ano.

Em relação ao crédito, os bancos diminuem a oferta em momentos de crise porque temem a inadimplência. A Caixa Econômica Federal, principal financiadora de imóveis no País, aumentou de 20% para 50% a entrada mínima para aquisição de imóveis usados pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação); e de 30% para 60% pelo SFI (Sistema Financeiro Imobiliário). As reduções no limite financiável valem para financiamentos com recursos da poupança, excluindo, portanto, os que utilizam o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Também não houve alterações no programa Minha Casa, Minha Vida. No caso dos imóveis novos, a cota financiável da Caixa varia entre 80% e 90% do preço total.

Por essas alterações nos limites de crédito, o consumidor que tem pouco recurso para dar como entrada fica em situação delicada, como explica Marcus Santaguita, presidente da Acigabc (Associação das Construtoras, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC). Isso porque, segundo ele, os preços dos apartamentos na planta não tiveram queda nos últimos meses. “Não houve redução de custos com matéria-prima, terreno e mão de obra. Então, não há margem para diminuição”, explica. Seria natural, portanto, que os compradores migrassem para os imóveis usados. “Porém, esses exigem entrada maior. Ou seja, quem não tem dinheiro acaba tendo de optar pelo novo para conseguir financiar.”

Santaguita acrescenta que os apartamentos pequenos, entre 45 e 70 metros quadrados, tiveram queda nas vendas inferior às unidades mais luxuosas. “É o primeiro apartamento, então, a necessidade é mais imediata. No caso de um maior, geralmente a pessoa já tem imóvel próprio, e a família pode esperar até que haja retomada do ambiente de confiança na economia brasileira para pensar em se mudar”, destaca.

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