PERDA DE MATERIAL EM OBRA CHEGA A 30%
Quem está construindo ou reformando sabe bem que o orçamento parece ser sempre menor do que as necessidades da obra. Isso porque, além do material necessário para a construção tradicional, é preciso, sempre, comprar um pouco mais para cobrir eventuais problemas ou falhas na estrutura deixadas pela mão de obra ou mesmo pela necessidade do produto. No fim da construção, esses pequenos excessos podem somar até 30% do total empenhado.
A falta de planejamento, a mão de obra sem preparo e a falta de organização no armazenamento dos materiais são os principais culpados pelas perdas.
As incorreções, como a construção de parede torta, por exemplo, também não são raras e demandam mais massa corrida para nivelar uma parede. E o descuido na hora de bater massa pode prejudicar, e muito, a utilização de cimento e mesmo na preparação de gesso.
No caso de optar por engenheiro ou mestre de obras, para não ser surpreendido, valer-se de lista de materiais detalhada é boa dica. "Na alvenaria tradicional, para que o orçamento não extrapole, é aconselhável adquirir os materiais com alguma antecedência. Dessa maneira, quando a obra for iniciada, as necessidades dos pedreiros vão se limitar quase que exclusivamente à areia, cimento e brita", explica o engenheiro Fábio Casagrande.
MUDANÇA
Além das técnicas tradicionais, muitas construtoras começam a mudar produtos utilizados para tentar abater os gastos nas obras. É cada vez maior o número de empresas que usam produtos pré-moldados para diminuir o prejuízo. "Nesses sistemas, as paredes, por exemplo, são duplas e de concreto, mas já saem prontas da fábrica. Com isso, o desperdício é zero porque é um sistema industrializado que vai pronto para a construção. Não gera entulho e não demanda a montagem de canteiros grandes", conta .
O especialista alerta também que alguns materiais, como madeiras utilizadas para escorar lajes e tábuas para moldes não precisam ser produto de primeira qualidade, dada a função limitada que terão no canteiro. No caso de obras de médio e grande porte, desde que exista espaço, podem ser estocados. "Areia, brita e tijolos não requerem muitos cuidados para armazenagem, só o cimento é que precisa ficar em local seco e coberto. Os tijolos podem ser protegidos com plástico", alerta. "Na fase de pintura, maneira de verificar se está havendo desperdício de tinta é olhar o chão", completa o engenheiro.
Construtoras já reutilizam até 75% dos produtos
Em tempos de grande demanda e de preços altos, as construtoras adotaram a filosofia de que "nada se desperdiça, tudo se reaproveita". Com isso, materiais que não podem ser reutilizados na obra, são vendidos para empresas que conseguem recuperar o produto e utilizá-lo para outro fim.
"Os resíduos cinzas, que são bloco, cimento e afins, são o melhor exemplo. Reduzimos até 75% do desperdício deles, que são encaminhados para empresas que moem e o utilizam em recapeamento asfáltico", conta Milton Bigucci Júnior. O número de caçambas retiradas das construções também baixou. "Agora temos menos que 30%."
Outros produtos que acabam na reciclagem são os restos de gesso e madeira, esses, muitas vezes usados na própria obra. "As madeiras acabam servindo de base para escorar alguma coisa e o gesso vira novamente massa", diz Paulo Piagentini, presidente do SindusCon.
Mesmo só a reciclagem contribui para diminui gastos. "Se não precisamos bancar a caçamba, já é um pagamento a menos" conclui Junior.