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GESTORES APROVEITAM PARA IR ÀS COMPRAS

09.08.2011

Enquanto muitos investidores batem em retirada da bolsa em meio ao aumento da aversão ao risco, um grupo seleto está aproveitando para ir às compras. Nesse segmento estão, principalmente, gestores de recursos de fundos de ações cuja estratégia é obter retornos de longuíssimo prazo. São casas com uma tradição de bons resultados e que se dão ao luxo de captar dinheiro apenas quando há oportunidades no horizonte e de exigir carências para resgate, o que lhes garante estabilidade de recursos.

Manter recursos em caixa é importante, pois em alguns momentos eles se mostram um colchão e, em outros, como agora, começam a virar munição, diz Elsen Carvalho, sócio da Investidor Profissional (IP), tradicional gestora carioca conhecida por suas aplicações de longo prazo. Segundo ele, o IP Participações, um dos fundos de ações mais antigos do mercado, lançado em 1993, chegou a manter perto de 30% dos recursos em caixa. Hoje, essa posição está na faixa de 20%.

Diante da forte queda registrada no mercado acionário nos últimos dias, a IP aproveitou para aumentar a exposição em alguns papéis que já mantém em carteira, além de analisar outras possibilidades de investimentos, conta Bruno Barreto, também sócio da IP. "A incerteza em relação aos mercados sempre esteve lá, o que mudou agora foi a percepção quanto a essa incerteza", diz. Para o investidor, é quase um instinto natural reduzir o volume de recursos ante um cenário de volatilidade, mas hoje está menos arriscado comprar ações após as recentes quedas, diz.

Na avaliação de Carvalho, quando o mercado está animado, as pessoas passam a negligenciar os riscos de o cenário mudar. "Num momento de euforia, é preciso cautela, assim como, quando há pânico, é necessário ter calma e estar atento às oportunidades", afirma.

Outra gestora que está aproveitando para fazer do limão uma limonada é a Jardim Botânico Investimentos, que tem entre os seus sócios José Luiz Osorio, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Se a empresa é boa, mesmo com a queda, ela continua boa, ou seja, ela vai se recuperar; portanto, estamos aproveitando para elevação a exposição da carteira", afirma Eduardo Rezende, sócio da asset, que também tem foco no longo prazo e utiliza a governança corporativa como filtro na hora de escolher um papel. "Chegamos a ter aporte de recursos de um investidor institucional", diz.

Segundo Rezende, o JB Focus FIC FIA chegou a ter, em média, 12% em caixa, porcentual que foi reduzido a 10% com as compras dos últimos dias. Sem revelar o nome das empresas, o executivo diz que a carteira mantém posições nos setores elétrico, financeiro, consumo e em telefonia. "Em commodities, nós costumamos comprar quando ninguém quer", diz. "É o momento, portanto, de olhar com carinho para esse segmento."
 

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