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ÁRVORES ESTÃO PERTO DE 80% DAS CASAS

05.06.2012

As árvores em ambiente urbano são importantes não apenas por oferecer sombra e beleza, mas também na absorção do carbono emitido por veículos, diminuição das ilhas de calor e combate à poluição sonora, entre outros benefícios. No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado hoje, dados do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que o Grande ABC tem 80,28% de seus domicílios perto de árvores. A percepção dos moradores da região sobre a área verde urbana é maior que no Estado, onde 74,7% das residências têm árvores por perto, e no Brasil, com 67,43%. A cidade com o melhor índice é São Caetano, onde 95,44% das casas estão perto dos vegetais de grande porte. Do outro lado, com o pior desempenho, está Rio Grande da Serra, com 57,37% dos domicílios. Nas grandes cidades, nem sempre são vistas de forma benéfica. Segundo o especialista em biologia vegetal da UFABC (Universidade Federal do ABC), Ricardo Augusto Lombello, a falta de planejamento fez com que a vegetação urbana se tornasse problema. "Muitas estão próximas demais da rede de energia, têm raízes superficiais que destroem calçadas e, pela falta de manutenção, representam risco em caso de chuvas e ventanias." Para tentar resolver esses problemas e conviver em harmonia com as árvores, o especialista destaca que é preciso haver planejamento paisagístico dos loteamentos, além de manutenção constante dos exemplares existentes. Porém, não é o que se vê na região, que ainda está longe de olhar para suas árvores com os devidos cuidados. As sete cidades também estão distantes do ideal para a OMS (Organização Mundial da Saúde) quando o assunto é cobertura vegetal. A entidade indica que deve haver 12 metros quadrados de área verde por habitante. Em São Caetano, onde há 35 mil árvores, são dez metros quadrados por habitante, dado atualizado em 2011, conforme a Prefeitura. A meta é que até 2020 sejam 20 metros de projeção de copa por morador. Em São Bernardo, a proporção de áreas verdes urbanas por habitante é de 2,62 metros quadrados. Estão fora da conta as áreas de proteção do Parque Estadual da Serra do Mar e da Billings. Já Santo André, que tem 63 mil árvores em área urbana, inclui na conta as regiões de proteção e recuperação de mananciais, que correspondem a 55% do território. Isso faz com que o índice chegue a 33,76 metros quadrados por pessoa. Em Diadema, não há indicadores. As demais cidades não se manifestaram. Patrimônio verde da região precisa de mais cuidados O Grande ABC tem três árvores tombadas por órgãos de patrimônio. Elas fazem parte da história da região, mas sofrem com a falta de manutenção que atinge os demais exemplares arbóreos. A Árvore dos Carvoeiros, em São Bernardo, é uma delas. Trata-se de uma figueira localizada na marginal sentido Capital da Via Anchieta, no km 24. Ao redor da planta, estrutura de cimento cobre as raízes e serve como espaço para depósito de oferendas. A árvore centenária, que servia de pouso para os trabalhadores das minas de carvão, foi tombada em 1999. Hoje está tomada por cupins, que abriram enorme buraco em volta de suas raízes. A outra árvore tombada em São Bernardo é o Jatobá da Vergueiro, que apenas após manifestação dos comerciantes locais recebeu cercado que impede a depredação. A jornaleira Marilei Aparecida Tamani, 60 anos, trabalha há 20 deles sob a sombra da árvore. Tornou-se guardiã do Jatobá. Antes de ser cercada, a árvore sofria com descarte irregular de lixo, segundo Marilei. "Até sofá velho jogavam aqui, era um absurdo." O exemplar histórico de Santo André também sofreu com o descaso. Tanto que um de seus galhos acabou por matar a aposentada Leda da Silva Maubrigades em abril do ano passado. Ela fazia caminhada no Parque Celso Daniel quando foi atingida pela figueira centenária, que se partiu por estar contaminada por fungos. Após o acidente, a árvore recebeu poda drástica. O autônomo Maurício Goduto, 49, acredita que a poda matou a árvore. "Ela está secando e acho que não vai se recuperar." Ainda assim, o técnico em eletrônica Wágner Gomes, 52, acredita que ela ainda apresenta perigo. "Muitas mães deixam os filhos subir nos galhos da árvore nos fins de semana e tiram fotos. Não têm noção do perigo."

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