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DINÂMICA SOCIAL E ECONÔMICA DÁ VIDA PRÓPRIA À VILA SÃO PEDRO

10.02.2012

Reportagem do ABCD MAIOR é a primeira de série sobre as maiores comunidades do ABCD, que contará como é a vida da população que mora e trabalha nos locais Três das cinco maiores favelas do estado de São Paulo estão no ABCD. De acordo com o Censo 2010, feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Vila São Pedro, em São Bernardo, é a maior comunidade da Região, com 26.331 moradores. Juntas a ela estão Jardim Oratório e Chafik/Macuco (formada pelo complexo do Zaíra), ambas em Mauá, com 25.771 e 25.761 habitantes, respectivamente. Paraisópolis e Heliópolis, na Capital, ocupam a 1ª e 2ª posição entre as maiores do estado, e aparecem em 8º e 10º lugar na lista das 100 maiores do País. A maior do Brasil em número de habitantes, de acordo com o Censo, é a Rocinha, no Rio de Janeiro, com 69.161 residentes. São Bernardo possuía em 2010, quando o Censo foi realizado, 762.331 habitantes, sendo 20% desse total, ou 152.480 pessoas, vivendo em favelas. A maior do ABCD, a Vila São Pedro, figura na 19ª posição na lista das 100 maiores favelas do País, aglomera 17% da população residente em comunidades no município e 3,4% do total de habitantes da cidade. Mesmo tendo tamanha importância, a Vila, como é chamada pelos moradores, foi formada há pouco mais de 30 anos, quando um movimento de moradia formado no Jardim Ipê organizou a ocupação. Um dos protagonistas desse capítulo da história da comunidade é o comerciante Sílvio Batista dos Santos, 58 anos. Organizado - Santos conta que era um sábado quando ele escolheu o terreno, já demarcado por engenheiros do movimento de moradia, cortou as árvores e começou a levantar o que, na época, ainda era um barraco. “O movimento pensou as ruas, os terrenos, a localização e fechamos o dia da ocupação. Comigo vieram umas 40 pessoas naquele dia. Dali em diante a coisa foi tomando forma e tamanho.” Quem caminha pela Vila São Pedro pode notar de perto a organização a que Santos se refere. Ao contrário de muitas comunidades, a Vila possui ruas largas, pouquíssimas vielas, e é possível chegar de carro e micro-ônibus em qualquer rua, até mesmo nas mais altas ladeiras. Nessas, apenas os ônibus convencionais não chegam, e nesse caso, para quem não possui carro, tem de ter muita força na perna, porque as subidas não dão descanso. Com boa visão empresarial, Santos viu na ocupação, além de um lugar para morar, um modo de fazer a renda. Vendeu o carro, um fusca, e investiu em material de construção. Dia a dia, tijolo por tijolo, o comerciante vendia e montava a casa daqueles que seriam dali em diante seus melhores amigos. “Aqui eu não tenho inimigo. Minha casa é a minha casa, é a rua, a casa do vizinho. É tudo isso aqui.” Maior parte dos moradores do local tem origem no Nordeste Boa parte dos moradores da Vila São Pedro é nascida no Nordeste, e a maneira como essas pessoas formam suas identidades está no nome das ruas, na culinária, no modo de viver a vida. Liderança comunitária, Zilnando Silva, 51 anos, veio de Pilão Arcado, na Bahia, em 1985, para São Bernardo, e em 1987 já estava levantando as primeiras paredes de sua casa na Vila. Silva veio a convite do irmão, e escolheu um terreno próximo ao dele. Depois foram os primos, as tias, mais irmão, e a rua, providencialmente batizada de rua Bahia, virou o casarão da família. “Quando vim para a São Pedro o ponto de ônibus mais próximo era na rua Tiradentes, que fica a mais de 30 minutos a pé. A gente tinha de ter dois sapatos. Um para percorrer o caminho de terra, e que sempre ficava enlameado, e outro que a gente colocava já no ônibus. Tudo isso pra poder ir trabalhar limpo. Hoje não, as ruas são todas asfaltadas e ônibus acessa boa parte do bairro. As coisas estão bem mais fáceis por aqui.” Respeitado na comunidade, Santos é também presidente do Esporte Clube Bahia, time de várzea de São Bernardo que em 2011 foi vice-líder do campeonato. Formado grande parte por parentes dele, que moram na rua Bahia, o Bahia é, de acordo com Santos, a paixão da comunidade. Núcleos - Ao todo, São Bernardo possui 58 núcleos comunitários, também chamados de favelas, sendo que mais de 51% (77.517) dos moradores desses núcleos são mulheres, e 49% (75.263) homens. Parque São Bernardo, vizinho da Vila São Pedro, é a 2ª maior comunidade da cidade, com 11.688 habitantes, seguido pelo Jardim Calux, com 9.155 moradores. Centro comercial da vila é variado Na parte baixa da Vila São Pedro, na entrada da maior comunidade de São Bernardo e próximo aos principais equipamentos públicos, como a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), escolas e creches, está localizado o centro comercial. Os serviços são os mais variados: lanchonetes, supermercados, minimercados, lojas de fotos, de roupa, sapatos, quitandas, mecânicas, lojas de material de construção, entre outros. E entre um comércio e outro, o que predomina são os salões de cabeleireiro. O comerciante Wiliam Rocha, 36 anos, que mora no Sítio dos Vianas, possui dois comércios na Vila, além de imóveis que ele comprou e alugou para outros moradores e comerciantes. Rocha afirma que se mudou para a comunidade porque percebeu o crescimento populacional acelerado no local. “Pelo menos 70% dos moradores daqui gastam aqui. É tudo muito mais barato. Os serviços, a comida do supermercado. Poucas pessoas ainda têm a ilusão de ir ao Centro fazer compras”, afirma. Em uma das lanchonetes de Rocha o cachorro-quente custa R$ 1, o sorvete R$ 0,50 e o pastel R$ 1,50. O comerciante afirma que vende por dia no mínimo 1.500 cachorros-quentes. Para ele, a instalação de um banco e de uma lotérica, já previstos para este ano, alçará ainda mais o setor.

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