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PEQUENAS CRESCEM NO VÁCUO DAS LÍDERES

25.02.2011

Em mercado aquecido, onde preços dos imóveis estão valorizando até 100% de um ano para o outro em função da instalação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) e do início das obras de infraestrutura para as Olimpíadas e Copa do Mundo, pequenas e médias construtoras do Rio de Janeiro vêm se beneficiando da expansão do setor imobiliário capitaneado pelas grandes companhias do setor. Empresas como CHL, Cyrella ou Carvalho Hosken expõe suas grifes em obras tocadas por construtoras de menor porte como Comasa, Klacon ou Calçada. O negócio faz o valor geral de vendas (VGV) das companhias aumentarem em quatro vezes de um ano para o outro.

 

Desde que as grandes empresas abriram capital, nos últimos cinco anos, e precisaram apresentar resultados, investimentos e maior volume de vendas ao mercado, as pequenas e médias construtoras buscaram mais negócios para oferecer parcerias. "As pequenas empresas viram ali uma oportunidade de ampliação de mercado. Como as grandes precisavam maior volume de investimentos para cumprir metas e mostrar eficiência ao mercado financeiro, construtoras menores, mas com experiência no mercado, enxergaram oportunidades de ampliar seus horizontes", explica Antonio Carlos Moraes Rego, diretor comercial da Comasa, uma empresa com 84 anos no mercado carioca.

Moraes Rego explica que está havendo uma corrida pelas parcerias e isto tem permito às grandes construtoras o poder de pagar uma taxa menor pela construção. "Hoje pagam entre 8% e 12%. Nós não aceitamos fazer com menos de 10%, mas há quem aceite", afirmou.

Há dois tipos de negócios no setor, aquele que a empresa só constrói a obra para a incorporadora e ganha na construção e outro em que a pequena também participa de parte da incorporação, desde que conte com crédito no mercado.

Hoje, a Comasa é parceria da CHL e da Gafisa, além de empreendimentos próprios. Em 2010, o VGV (valor geral de vendas) da empresa foi de R$ 37 milhões e a expectativa para este ano é alcançar os R$ 150 milhões. "Temos um banco de terrenos de R$ 400 milhões e estamos com seis ofertas de aquisições na rua", informa o diretor comercial.

Outra empresa que está sendo impulsionada pelas parcerias é a Klacon. Renato Rembischewski, sócio-diretor, conta que entrou no mercado de parcerias porque a competição ficou desigual. "Quando as grandes se capitalizaram, não dava mais para competir com elas. Se você fosse disputar um terreno com uma grande, perderia porque eles tinham mais poder de negociação", explica.

Atualmente, a Klacon tem parcerias com a Cyrella, a João Fortes e a Gafisa. Além de construir, ela também participa da incorporação com um percentual que chega a 15% do negócio.

Mas, para não ficar apenas dependente deste negócio, Rembischewski diversifica em áreas onde ainda há muita oferta de terrenos, como Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Em 2010, a Klacon cresceu 30% e espera crescer mais 20% este ano.

Presidente da CHL, Rogério Chor diz que as parcerias dependem da confiança na empresa e da oportunidade que ela leva para o grupo. "A vantagem das pequenas é que estão próximas dos negócios e oferecem mais facilidade em analisar", explica. "No entanto, nós só fechamos o negócio com quem confiamos e normalmente desenvolvemos o projeto juntos", completa.

Chor explica que os VGVs das parcerias giram em torno de R$ 120 milhões, o que significa muito para as pequenas construtoras, mas nos negócios das grandes não chega a 10%. O grupo PDG, dono da CHL, por exemplo, no ano passado fechou com vendas de R$ 6, 52 bilhões.

Mas esse tipo de negócio, já transformou a Calçada, uma pequena construtora familiar, fundada em 1986, numa média construtora capaz de andar com suas próprias pernas. Tudo começou em 1990, quando a Calçada fechou uma grande parceria para construir 850 apartamentos para a Carvalho Hosken na área conhecida como Rio2. O projeto de mini-bairro, que durou cinco anos, fica na avenida Abelardo Bueno, em frente ao Autódromo de Jacarepaguá, na Barra, uma das áreas que mais cresce na cidade e que está próxima à região onde será o Parque Olímpico do Rio. De lá para cá, também fez parcerias com a Rossi e a CHL, mas hoje caminha sozinha. Em 2010, as vendas da construtora foram de R$ 201 milhões e este ano devem chegar aos R$ 300 milhões.

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