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MERCADO IMOBILIÁRIO NO ABCD MANTERÁ TRAJETÓRIA DE QUEDA

06.05.2016

por Paula Cristina

O fraco desempenho do mercado imobiliário da região do ABCD em 2015 - quando as vendas caíram 26,6% sobre 2014 - deverá continuar este ano. Para construtores e analistas, a perspectiva é que o número de imóveis devolvidos aumente, e o ano seja marcado por poucos lançamentos.

"O mercado imobiliário do ABCD é mais frágil e menos consolidado que o de São Paulo, por isso a recuperação é mais lenta e o caminho mais tortuoso", afirmou o consultor e dono da imobiliária Costa Rodrigues, Antonio Sérgio Costa.

Segundo o analista, outro fator que prolongará a crise da construção este ano é a brusca diminuição no número de empregos na região, que tem sido bastante pressionada pela crise. "O ABCD depende muito da indústria, e ela está passando por um período de incertezas. O número de moradores da região que preferem postergar uma compra de imóvel por medo de perder o emprego é maior que a média nacional", estimou ele ao DCI.

O momento de cautela da população na intenção de comprar imóveis se reflete no apetite do construtor em fazer novos empreendimentos. A Elo Construções, empresa mineira do ramo de empreendimentos residenciais, tinha para este ano a previsão de entrar no mercado da Grande São Paulo, com foco nas sete cidades do ABCD. O presidente da empresa, Emerson Coutrin, no entanto, resolveu postergar os planos. "Percebemos que o momento não é o mais propício para novos mercados. Estamos em busca de terrenos em São Bernardo e Santo André, mas adiamos a previsão de fazer lançamentos na região este ano", disse.

A perspectiva do empresário é que, por ser cíclica, o momento de baixa do mercado imobiliário irá passar em alguns anos, e haverá espaço para entrada em novos mercados. "Acredito que ano que vem a economia comece a reagir, e os investimentos vão voltar. Por isso já queremos ter o terreno comprado", disse ele, lembrando que os preços dos lotes estão mais acessíveis nesse momento de baixa.

Além do ABCD, o executivo não descarta a entrada no mercado imobiliário de Guarulhos, Osasco e Jundiaí. "Há uma demanda reprimida por moradia muito grande nessas cidades", finalizou.

Balanço do setor - Ao longo de 2015 as sete cidades do ABCD fizeram 4,9 mil vendas de imóveis, uma retração de quase 27% na comparação com o 2014, quando 6,8 mil unidades foram comercializadas na região. Segundo a Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC), a alta redução mostra que o mercado regional foi mais atingido pela crise que a capital.

Com relação aos lançamentos nos 12 meses do ano passado, a associação apurou uma retração de 81%. "O que reflete o baixo grau de confiança dos empresários do setor em relação à situação econômica e política do País", apontava o levantamento.

Quando analisado o número de lançamentos nas sete cidades com o volume de novos empreendimentos lançados na Região Metropolitana de São Paulo a soma da região representou 24,50% do total.

Estoques e distratos - Outra questão que tem deixado os empresários da construção apreensivos é o aumento do número de imóveis devolvidos à construtora - os chamados distratos - e a manutenção das vendas dos apartamentos já prontos, mas não vendidos.

"Esses dois fatores estão causando um problema na hora de buscar o equilíbrio entre oferta e demanda. Por um lado, o construtor quer dar descontos e vender os imóveis em estoque, de outro, a dificuldade de obtenção de crédito faz com que a venda seja inviabilizada", disse Costa.

Na imobiliária Costa Rodrigues, que tem sede em Santo André e unidades em Mauá e São Bernardo o número de compradores devolvendo imóvel subiu 12% no primeiro trimestre deste ano, na comparação anual. "Isso não se dá apenas pela falta de crédito, mas pela instabilidade econômica, que levou muitos brasileiros a perderem emprego", resumiu o executivo.

Para a ACIGABC, a falta de segurança jurídica na hora do distrato é um problema que precisa ser avaliado com rapidez, para que não se onere demais nenhuma das partes do acordo. "Além disso, a enorme burocracia por parte do poder público para aprovação e legalização dos projetos também atrapalham o andamento do mercado", dizia a entidade em comunicado oficial.

Quanto o assunto são os estoques, a disposição das construtoras em oferecer descontos para acelerar as vendas deu resultado. Ano passado a região tinha 1,8 mil unidades em estoque 33,8% menos que o visto em 31 de dezembro de 2014, quando haviam 2,7 mil imóveis parados.

O número é ainda menor quando comparado a 2013, quando havia 4,2 mil unidades prontas, mas sem compradores. O que significa uma retração de 57%. "A notícia boa para o setor é que está havendo absorção dos estoques no mercado e o indicador continua caindo", detalhava o relatório da entidade.

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