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BC VÊ AVANÇO DE 15% DO CRÉDITO EM 2011

30.06.2011

Ao constatar que as carteiras dos bancos estão crescendo em ritmo superior ao esperado, o Banco Central (BC) decidiu revisar para cima suas projeções para a expansão dos empréstimos ao longo deste ano. O BC acredita agora que o estoque de crédito vai crescer 15% em 2011, no teto superior da meta antes estabelecida, entre 10% e 15%.

De acordo com Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central (Depec), mesmo com a revisão, o avanço do estoque de crédito ainda acontece em ritmo considerado satisfatório, ou seja, o BC vê moderação em relação ao desempenho registrado ano passado, especialmente na comparação com o segundo semestre, quando o crescimento em bases mensais chegou a 2%.

Em maio, o saldo total atingiu R$ 1,804 bilhão, com avanço de 1,6% sobre o mês anterior e de 20,4% no acumulado dos últimos doze meses. Se confirmada a previsão do BC, o crédito fechará o ano perto de R$ 2 trilhões, o equivalente a 48% do PIB.

A maior desaceleração é esperada para o segundo semestre, diz Maciel. "Nossas projeções apontam que o crescimento em doze meses deve arrefecer no segundo semestre", afirmou ele, observando que o acumulado do ano carrega ainda resultados muito fortes dos últimos meses do ano passado.

Na margem, no entanto, o BC já vê um forte recuo nos empréstimos. Maciel cita como exemplo o recuo de 5,3% na média diária das concessões gerais de crédito em maio, sendo menos 4,6% a pessoas físicas e queda de 5,8% nas operações a empresas.

De acordo com analistas de mercado, o ritmo perto de 15%, de fato, é adequado para aliviar as pressões sobre o crescimento da economia, apesar de ainda ser acima do necessário para contribuir com o arrefecimento da inflação. Além disso, a nova projeção do BC era considera muito conservadora por parte dos economistas, estando agora mais próxima do consenso de mercado - algo entre 15% e 17%.

Para Adriano Lopes, economista do Itaú Unibanco, as informações divulgadas sancionam a visão de um ritmo menor de crescimento após a adoção das medidas macroprudenciais. "Acreditamos que a elevação do estoque deve naturalmente arrefecer no segundo semestre do ano como decorrência de condições de crédito mais apertadas."

Para Cristiano Souza, economista do Santander, as medidas do BC impediram que a tendência de forte expansão das carteiras vista no fim do ano passado se prolongasse para este ano. Mas, alerta Souza, o ritmo esperado pelo BC não é suficiente para contribuir com o controle da inflação. "Para se ter um impacto na inflação, teria de haver um movimento de queda das novas concessões e até mesmo do estoque de crédito", afirma.

A desaceleração nas concessões também "reduz o risco de novas medidas macroprudenciais", na visão da equipe de economistas do Credit Suisse. Mas o banco espera um avanço um pouco mais acentuado do crédito neste ano, algo entre 15% e 17%.

Uma das preocupações dos analistas, a alta da inadimplência no crédito às pessoas físicas, também foi amenizada pelas informações divulgadas ontem, já que os atrasos entre 15 e 90 dias (indicador antecedente) recuaram pelo segundo mês consecutivo, passando de 6,7% em março, para 6,6% em abril e para 6,3% agora em maio.

"Nossa visão sobre os dados de crédito é positiva, com sinais de um pouso suave em termos de qualidade do crédito e pela perspectiva de o setor financeiro manter o crescimento do spread", diz a equipe do Credit Suisse em relatório para clientes.

Mas há quem veja riscos no cenário, já que o ritmo de desaceleração ainda não é consistente. "Depois de seis meses de medidas macroprudenciais, o crescimento do crédito ainda não mostrou sinais claros de desaceleração, com as taxas de expansão ainda acima das metas do governo", dizem os economistas do Morgan Stanley, também em relatório.

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