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BOLSA ALUGUEL AJUDA 7.129 FAMÍLIAS

13.04.2011

As tempestades de verão colocaram mais 1.870 famílias do Grande ABC sob o guarda-chuva de programas sociais das prefeituras, mais precisamente do bolsa aluguel. Somadas às 5.229 que já estavam inscritas, a região contabiliza hoje 7.129 famílias na dependência do benefício, que pode custar aproximadamente R$ 2,2 milhões mensais às prefeituras de Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá.

A situação muitas vezes é idêntica para essas pessoas. Viviam em casas de estrutura precária ou estavam em áreas de risco de deslizamento e foram removidas. Agora, contam com a ajuda das administrações municipais, que repassam em média R$ 350 mensais.

Porém, as famílias não perderam somente os lares. Móveis, eletrodomésticos e até documentos também foram parar na lama ou levados pela enxurrada. O consenso é que o benefício das prefeituras é pouco, o que obriga muitas das vítimas a completar o aluguel e ainda pagar outras despesas básicas da casa, como água e energia.

Do total das famílias beneficiadas pelos programas municipais, mais de 700 são de Mauá - cidade mais abalada pelas chuvas do verão - e compõem perfil mais sofrido. Esse grupo foi desalojado, a Prefeitura prometeu o auxílio emergencial por até seis meses, mas a questão é que a promessa foi cumprida apenas em janeiro, o primeiro mês de aluguel. Segundo a administração, o benefício teve de ser suspenso para revisão - a Prefeitura queria saber se todos que recebiam o dinheiro tinham de fato saído das áreas de risco.

O socorro virá do governo do Estado. A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) anunciou que arcaria com os repasses ainda neste mês. Mas, até agora, o órgão não sabe sequer informar quando o convênio será assinado entre Prefeitura e Estado.

Em Ribeirão Pires, que no verão do ano passado foi a cidade mais prejudicada pela chuva, o número de famílias beneficiárias caiu. Das 94 que recebiam R$ 300, pouco mais de 30 continuam na lista de repasses. Em São Caetano e Rio Grande da Serra não houve desabrigados, conforme as prefeituras.

GASTOS
Em São Bernardo, 593 famílias ficaram desabrigadas e recebem, cada, R$ 315 do Programa Renda Abrigo. O custo da Prefeitura com esse grupo é de R$ 186,7 mil.

As chuvas de verão fizeram 497 famílias entrarem para o bolsa aluguel em Santo André, grupo que recebe, em média, R$ 350 mensais - o valor pode variar, dependendo do perfil da família. O custo total aproximado pode chegar a R$ 170 mil/mês.

Assim que a CDHU definir a data para repassar o auxílio para as famílias de Mauá, o gasto mensal vai ser de R$ 210 mil, já que as 701 vão receber R$ 300 cada. Desse grupo, 362 vão ganhar mais R$ 1.000, para comprar móveis e eletrodomésticos.

Em Diadema, as 80 famílias que ficaram desabrigadas custam cerca de R$ 25 mil, segundo a Prefeitura. O repasse varia de R$ 300 a R$ 350, dependendo da condição da família.

 

Aposentada é obrigada a deixar receitas na gaveta

Os receituários da aposentada Ivanilda de Araújo Souza , 52 anos, estão todos guardados na gaveta desde janeiro. De alguns remédios, ela sequer sabe o preço na farmácia. "São tantas contas para pagar que prefiro nem ficar sabendo quanto teria de gastar com medicamentos", disse.

Até dezembro, ela morava sozinha, próximo às margens de um córrego na Rua do Mar, no bairro Serraria. As chuvas deixaram as paredes da casa ainda mais frágeis, e a Defesa Civil teve de interditar o imóvel. Foi assim que ela começou a receber R$ 300 da Prefeitura, por meio do bolsa-aluguel.

Ela conta que passou dias procurando um imóvel para locar. "Eu morava sozinha e achava que não teria condições de achar ao menos um quarto", falou. Mas não foi bem assim. Aposentada, ela não tinha gastos enquanto morava no barraco. "O aluguel é muito caro por aqui, e não consegui nada com os R$ 300", explicou. A solução foi ficar mais perto dos netos, na casa da filha, Sandra de Araújo Souza, 30.

"Dou o dinheiro da Prefeitura e ainda tenho que completar com um pouco da aposentadoria para pagar o aluguel de R$ 400", contou. Além disso, a aposentadoria de um salário-mínimo tem de ser dividida com outras contas da casa, como luz e água.

"Daí, não sobra nada para comprar os remédios", lamentou a mulher, que sofre de trombose e problemas na coluna

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