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VENDA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO RECUA

09.02.2011

As contas de começo de ano e o aumento nos juros do financiamento fizeram com que as vendas de material de construção sofressem recuo de 3,5% em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado. Quando comparada a dezembro a diminuição na saída dos itens foi ainda maior: 5,3%.

Além da queda, o panorama traçado por lojistas para este mês não foi dos melhores. Quando perguntados sobre o mês seguinte, a previsão dos comerciantes não foi de otimismo. Os revendedores entendem que será muito parecido com janeiro. Cerca de 50% deles informaram queda média nas vendas de até 10%.

Apesar do cenário de caos que se desenha, o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Conz, mostra entusiasmo ao avaliar o segmento para este ano. Segundo ele, historicamente os meses de janeiro e fevereiro são mais lentos do que o resto do ano. O empresário ressalta que a queda em relação a janeiro de 2010 ocorre porque naquele mês consumidores, já mais otimistas com o fim da crise, investiram o dinheiro que foi guardado no período para reformar a casa.

"O setor voltou ao normal, que é este que temos hoje. Apesar da lentidão das vendas, teremos melhora de fevereiro em diante. Mas, ressalto que os números melhores teremos a partir de março", conta ele.

Conz completa que as fortes chuvas deste início de ano também foram responsáveis pela diminuição na procura por materiais de construção. Segundo ele, o mercado deve esperar o fim do período para começar as obras. "É quando temos o chão mais firme e quando há procura definitivamente maior."

CRESCIMENTO

Mesmo ainda aguardando a reestruturação das vendas neste ano, Conz avalia que 2010 foi um dos melhores anos para a construção civil em geral. O varejo do setor apresentou crescimento de 10,6% no ano passado, em relação a 2009, atingindo faturamento total de R$ 49,80 bilhões. "Considerando a continuidade das ações que aqueceram o setor no ano passado, como a desoneração do IPI ( Imposto sobre Produtos Industrializados), que vale até dezembro de 2011, o programa Minha Casa, Minha Vida e o aumento do crédito e dos financiamentos podemos prever crescimento de 11% em 2011."

Em 2010, o INCC (Índice Nacional da Construção Civil), medido pela FGV (Fundação Getulio Vargas), acumulou alta de 7,77%. Materiais e equipamentos tiveram alta de 5,02% e o avanço da mão de obra foi de 10,41% no ano. Já a inflação dos serviços na construção saltou de 5,36%, para 6,7%, de um ano para o outro.

Em janeiro de 2011, a inflação na construção civil perdeu força. Já o INCC-M (Índice Nacional do Custo da Construção - Mercado), que mede a evolução de preços no setor, avançou 0,37% em janeiro, abaixo do resultado de dezembro, quando houve expansão de 0,59%. Até janeiro, no acumulado dos últimos 12 meses, o índice tem alta de 7,42%, o que não influencia a queda nas vendas, segundo Conz.

A FGV informa que as mais expressivas elevações foram apuradas em condutores elétricos (4,11%) e taxas de serviços e licenciamentos (2,85%). E as principais quedas foram vergalhões e arames de aço ao carbono (-1,20%), metais para instalações hidráulicas (-0,15%) e tubos e conexões de ferro e aço (- 0,17%).

Amparada no Minha Casa, classe C estimula mercado

A classe C, menina dos olhos do mercado varejista e tida como nova classe média, também mostrou sua força na construção civil do ano passado. Além dela, as faixas D e E que também tiveram acesso ao mercado foram fundamentais para o crescimento do setor não apenas em 2010, mas durante todo o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o presidente da Anamaco, Cláudio Conz. "No período de 2003 a 2010, a economia cresceu 37,3%. As exportações triplicaram. A inflação caiu de 12,5% para 5,6% ao ano. O desemprego foi reduzido à metade. O êxito é expresso numa relevante melhora nas condições de vida, e no aumento de consumo", explica.

O acesso ao programa Minha Casa, Minha Vida - que neste ano deve o valor médio aumentado para moradias de até R$ 170 mil - aumentou, e muito, o interesse das construtoras nessa fatia de mercado. Além disso, Conz diz que "mesmo com os juros mais altos, a demanda segue acentuada. As pessoas parcelam materiais em até 12 meses, por isso, o impacto ainda não foi sentido de maneira tão intensa". PC 

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