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BB VAI AMPLIAR OFERTA DE CRÉDITO COM JURO LIVRE

25.08.2010

O Banco do Brasil decidiu voltar a emprestar um volume significativo de dinheiro a juros livres ao setor rural. A retomada desses empréstimos com risco total do banco será concentrada em um grupo selecionado de 22,5 mil grandes produtores rurais de sete Estados, sobretudo de Goiás e Mato Grosso. Os recursos dessa fonte para a atual safra (2010/11) devem somar até R$ 3 bilhões, mas o BB iniciará a estratégia com R$ 2 bilhões. As taxas de juros ficarão entre 10% e 14% ao ano, dependendo do risco de cada operação. "Estamos ampliando a carteira com baixo risco", resume o vice-presidente de Agronegócios do BB, Luís Carlos Guedes Pinto. A volta do BB a esse nicho ocorre depois de sucessivas crises de renda registradas no agronegócio a partir de 2005. De lá para cá, o banco recuou em sua ênfase nesse público e concentrou os desembolsos nas operações com juros subsidiados pelo Tesouro Nacional. Até 2005, o BB tinha R$ 8 bilhões emprestados a juros livres. Os selecionados têm um perfil médio de renda acima de R$ 500 mil anuais e 300 hectares de soja no Centro-Oeste. São produtores com bons resultados financeiros e gerenciais, boa capacidade de pagamento, sem histórico de prorrogação de dívidas e com margem confortável para novos limites de crédito. "São aqueles que atravessaram incólumes as crises de clima, câmbio e financeira", afirma o diretor de Agronegócios do BB, José Carlos Vaz. O banco considera esse público como "Triple A" ou a "nata" da carteira dos grandes produtores. A estratégia do BB também reforçará a concorrência com as tradings do setor, que ocuparam um espaço importante no financiamento dessa faixa de produtores nos últimos anos. Essas empresas financiam a juros entre 20% e 25% ao ano. O banco acredita que oferecerá condições mais competitivas, obtendo fidelidade desses produtores. Os alvos principais dessa retomada serão produtores de soja, milho, algodão, além de pecuaristas. O foco estará em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. O crédito, "pré-aprovado" depois de uma "análise criteriosa", estará disponível ao produtor que contratar antes o máximo de recursos a juros subsidiados pelo Tesouro. "Entraremos nessa linha depois de esgotar os recursos a 6,75%", diz José Carlos Vaz. A "guinada" do BB em direção aos financiamentos a juros livres ocorre após uma fase aguda de prorrogação de empréstimos pós-crises. Do total de R$ 16 bilhões prorrogados desde a primeira crise, em 2005, metade estava emprestada a juros livres (custeio agropecuária e Cédulas de Produtor Rural). A outra metade havia sido alocada para financiar programas de investimentos geridos pelo BNDES e recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO). Após a depuração de sua carteira agrícola, o BB teve de assumir um prejuízo de R$ 3 bilhões em créditos duvidosos. "Era um grupo de produtores mais frágeis, mais expostos", diz o diretor do BB. Outros R$ 3 bilhões prorrogados foram pagos pelos produtores. No fim, sobrou uma carteira de R$ 10 bilhões em financiamentos rolados desde 2005. A carteira com prorrogações tem inadimplência, riscos e provisões mais altas do que os empréstimos em situação de normalidade. Em setembro de 2009, os "calotes" somavam 9,8%. A taxa caiu a 9,2% em dezembro de 2009 e chegou a 5,2% em junho de 2010, informou o banco. "Nossa inadimplência histórica fica ao redor de 2%", diz o vice-presidente Luís Carlos Guedes Pinto. Na carteira "saudável" de R$ 60 bilhões, a inadimplência registrada somava apenas 1,8% do total em 30 de junho deste ano - abaixo dos 2,4% de setembro de 2009. Na soma das duas carteiras, a inadimplência somava 2,3% em junho de 2010. Antes, em setembro de 2009, estava em 3,8%. "Estamos absolutamente tranquilos em relação ao cumprimento de nossas metas nesse quesito", acrescenta.

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