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CREMER PLANEJA ATUAR NA ÁREA IMOBILIÁRIA

13.01.2011

A fabricante de produtos médico-hospitalares Cremer se prepara para entrar num ramo totalmente fora do seu objeto social, a área imobiliária. Por força das mudanças contábeis, a companhia, que tem 75 anos de existência, foi obrigada a atualizar o valor do seu ativo imobilizado e identificou uma diferença positiva de R$ 293 milhões entre o número que estava registrado no balanço, de R$ 51 milhões, e o valor justo dos ativos.

Como consequência, decidiu criar uma subsidiária, chamada Cremer Administradora de Bens Ltda., para cuidar desses ativos. Nela serão aportados imóveis, terrenos e edificações no valor de R$ 214 milhões, sendo que R$ 77 milhões se referem a bens que não estão sendo usados atualmente nas operações da empresa.

 

"Agora temos um mandato claro para gerar valor sobre esses ativos. Por enquanto, criamos essa subsidiária para administrar os bens próprios da companhia, mas visualizamos no futuro ter atividade imobiliária", diz Rafael Grisolia, diretor financeiro e de relações com investidores da Cremer.

 

Uma proposta de alteração do objeto social da companhia, com o intuito de incluir a atividade imobiliária, deve ser incluída na pauta da próxima assembleia geral ordinária. "A gente tem o esqueleto em pé, mas agora temos que montar o corpo todo, criar essa expertise", afirma.

As normas internacionais de contabilidade permitem que, no primeiro balanço em IFRS, se atribua um novo custo para o ativo imobilizado, em caso de diferença relevante sobre o valor registrado no balanço. Ao aprovar a norma traduzida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) sobre o assunto - a ICPC10 -, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recomendou que as empresas usassem essa opção ou explicassem o motivo da manutenção do custo histórico.

"A defasagem entre o valor da avaliação técnica e o do livro era muito grande. Uma vez identificada essa diferença, não havia argumento para não fazer a contabilização", explica Grisolia.

O lado negativo dessa atribuição de novo custo é que, quando o valor do ativo fica maior, aumenta também a conta de depreciação, o que reduz o lucro.

No caso da Cremer, considerando que uma diferença de R$ 121 milhões do ajuste se refere a terrenos, que não são depreciados, o efeito negativo sobre o lucro será de R$ 4 milhões por ano, segundo o diretor financeiro. Esse valor equivale a 10% do lucro líquido de R$ 39,3 milhões que a empresa apurou no período de 12 meses até setembro de 2010.

Ao ser questionado sobre se haveria uma compensação desse efeito para os acionistas na hora de distribuição de resultados, Grisolia disse que nada muda na estratégia de distribuição de 100% do lucro da companhia, que em setembro tinha caixa de R$ 91 milhões.

O diretor da Cremer afirmou ainda que, ao menos por enquanto, a companhia não irá elevar o pagamento de juros sobre capital próprio, que tem vantagem fiscal sobre os dividendos, por conta do aumento do patrimônio líquido decorrente do ajuste do valor do ativo imobilizado. "O que temos de parecer é que isso não aumenta a base de JCP, ainda que haja teses de questionamento. Se ficar mais claro com assessores jurídicos e auditores no futuro, nós faremos", explica o executivo.

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