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SOBRA MAIS DINHEIRO NO FIM DO MÊS, DIZ PESQUISA

23.03.2011

Depois de pagar todas as contas, o instalador Rodrigo Ponciano de Souza, 27 anos, usa os R$ 100 que sobram do salário de R$ 900 para comprar alimentos que não consome diariamente. Ele integra massa de 47,9 milhões de brasileiros das classes D e E, que viram a renda crescer nos últimos anos.

Segundo pesquisa da financeira Cetelem BGN encomendada à Ipsos Public Affairs, esse foi o estrato social que mais apresentou avanço na renda disponível (o que sobra após todos os gastos). Em 2005 apresentavam renda média negativa (R$ 17), migrando em 2010 para o azul (R$ 104).

Com um pouco mais de grana no fim do mês, Souza aproveita para investir em pequenas indulgências como pedir pizza e refrigerante para a família no fim de semana. "Também aproveito as promoções para antecipar a compra de alimentos básicos".

O vice-presidente da financeira, Miltonleise Carreiro Filho, comenta que foi visível a evolução da renda disponível das classes DE nos últimos cinco anos. "Apenas no ano passado essa população conseguiu superar a marca dos R$ 100 para consumir após pagar as contas."

A base da pirâmide social tem disponível para consumo R$ 1,4 bilhão. "É um dinheiro sobrando no orçamento para as famílias fazerem o que desejarem", pontua Carreiro. Considerando a renda familiar média, foram essas pessoas que tiveram maior avanço nos ganhos entre 2005 e 2010, de R$ 545 para R$ 809, alta de 48,8% no período.

CONJUNTO - O estudo identificou que o ano passado foi marcado pelo aumento geral de renda da população brasileira, em todas as classes sociais, contanto, proporcionalmente mais acentuada nas faixas C, D e E. Na considerada nova classe média, o ganho mensal cresceu de R$ 1.107 para R$ 1.338 em cinco anos, correspondendo a 20,8%.

No topo da pirâmide, os estratos AB registraram avanço, porém, um pouco inferior às classes mais baixas. A renda das famílias abastadas aumentou de R$ 2.484 para R$ 2.983, ou 20%.

Analisando a renda familiar do brasileiro entre 2002 e o ano passado, houve incremento de 59,85%, passando de R$ 974 para R$ 1.557. De 2009 e 2010, o avanço foi menor, de 21,16%, com salário subindo de R$ 1.285 para R$ 1.557.

GASTOS - No ano passado, os 1.500 entrevistados pelo instituto de pesquisa Ipsos declararam ter desembolsado em média R$ 165 a mais do que em 2009, totalizando 15%, ou quantia de R$ 1.231 em 24 categorias de consumo.

Os gastos tradicionais não registraram alta expressiva. Houve aumento no percentual de pessoas que pouparam algum recurso, de 6% em 2009 para 8% em 2010.

O conceito de classe social utilizado pelo levantamento segue a definição do CEB (Critério de Classificação Econômica Brasil), que leva em conta itens como posse de eletrodomésticos, carros e pela quantidade de banheiros na residência.

Classe C transforma pirâmide social do País em losango

A entrada de 19 milhões de brasileiros, que migraram das classes D e E para a classe C e que passou a ser a maior do País com mais de 101 milhões de pessoas, transformou a pirâmide social do País em um losango, aponta estudo da Ipsos para o grupo financeiro Cetelem BGN.

O diretor presidente da instituição, Marcos Westphalen Etchegoyen, destaca que a chamada nova classe média representou 53% da população no ano passado. Em 2010, eram 49%. A classe C mais ampla transforma essa pirâmide em um losango.

As classes DE somavam contingente de 92,9 milhões de habitantes em 2005 (51% da população). Cinco anos depois, esse número diminuiu para 47,9 milhões (25% dos brasileiros).

"Mesmo durante a crise financeira, a classe C continuou como destaque. Não me surpreenderia nada se as classes DE se igualassem à C no próximo ano", afirma Etchegoyen. Atualmente, na distribuição da população do País, as classes AB correspondem a 21% das pessoas e as DE, 25%. (veja arte acima)

OTIMISMO - Para a Cetelem, os brasileiros têm boa expectativa sobre a economia neste ano. A maioria (92%) dos 1.500 entrevistados acredita no crescimento do País, no avanço do poder de compra e na melhora da oferta de crédito para a pessoa física, mesmo com as medidas tomadas pelo Banco Central no fim do ano passado para reduzir o crescimento do consumo no País.

"Essa mudança na pirâmide nos coloca mais próximos dos países desenvolvidos considerando os fatores econômicos, entretanto, ainda distantes quando avaliadas questões relacionadas à Saúde e Educação", diz o vice-presidente da financeira, Miltonleise Carreiro Filho.

Consumidor brasileiro vai gastar mais em 2011

O gosto do brasileiro para consumir e até se endividar ficou evidente no ano passado com a disposição para adquirir bens duráveis, semiduráveis e de tecnologia. De acordo com a Cetelem, a intenção de compra subiu nas 12 categorias pesquisadas em 2010.

O vice-presidente da companhia, Miltonleise Carreiro Filho, destaca que as classes DE são as que registram, proporcionalmente, maior pretensão de compra de móveis, eletrodomésticos, telefone celular, computador, automóveis, motos e equipamentos esportivos.

Fatores econômicos como aumento na massa de renda e desemprego em queda elevam a confiança do consumidor para adquirir esses itens. O maior acesso a eles também faz com que a população ascenda socialmente, considerando as definições elaboradas pelo CCEB (Critério de Classificação Econômica Brasil).

TECNOLOGIA - No contexto geral da pesquisa, o quesito com maior crescimento na intenção de compra foi o computador. O produto que era apontado por 13% dos entrevistados como objeto de desejo em 2009 foi citado por 19% deles no levantamento do ano passado.

Ferramentas do tipo ‘faça você mesmo' também tiveram incremento na intenção de aquisição da população. Equipamentos eletrônicos como TV, hi-fi e vídeo abocanham 20% das preferências dos consumidores de todas as classes.

Para o diretor da Ipsos Public Affairs, Paulo Cidade,esses números refletem o poder de compra do brasileiro, especialmente das classes mais baixas, que são responsáveis agora por movimentar a economia. "Bens de consumo que eram sonhos como a casa própria, automóvel e TV tornaram-se possíveis."

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