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OPÇÃO POR MODELO MULTIUSO AVANÇA EM TODO O MUNDO

28.06.2011

Paulo Stewart, da Saphyr Gestão Total de Shopping Centers diz: melhor modelo considera o local, os hábitos e cultura.
Boa localização, amplo estacionamento, espaços arejados e com fartura de iluminação natural, forte ancoragem num mix bem planejado de lojas comerciais, restaurantes e praça de alimentação, além de cinemas de última geração. Tudo isso cercado por torres de escritórios ou residenciais, centros de convenção, hotéis, laboratórios médicos e até universidades. Pronto: esta é a receita dos novos shopping centers e que, muito mais do que uma tendência, é um modelo que vem se firmando consistentemente em todo o mundo, Brasil incluído.

Como diz o especialista em shopping centers Luiz Marinho, da BrandWorks, os centros de compra estão vivendo um momento de transição entre o conceito de "templos de consumo", que possuíam, para o de "centros de convivência", papel que estão assumindo gradualmente. "A segurança, a comodidade e a localização central dos shoppings brasileiros fazem com que eles sejam eleitos como destino de entretenimento para grande parte da população. E comprar também faz parte da diversão." Ao mesmo tempo, como o tempo das pessoas é curto e a vida é corrida, diz Marinho, ajuda muito ter um prédio de escritórios junto a um mall, assim como um hotel, faculdade e serviços variados. "O apelo da conveniência ajuda a atrair as empresas, hóspedes, alunos, pacientes, para aquele local", afirma o especialista.

Um dos primeiros empreendimentos do gênero no país foi o Shopping Center Panamby Jaraguá, que fica dentro do Centro Empresarial de São Paulo e possui desde lojas as mais diversas até agências de viagem, escola de idiomas, correios, livraria, academias, restaurantes e muitos outros serviços. Inaugurado em 1977, o shopping vive exclusivamente do movimento gerado pelo maior complexo de escritórios da América Latina e funciona de segunda a sexta-feira. Recebe diariamente cerca de 14 mil usuários fixos e 5 mil visitantes.

Cláudio Sallum, da Lumine Soluções em Shopping Centers, empresa que administra o Panamby, garante que mesmo sem funcionar nos fins de semana o varejo local vai muito bem, "tanto que existe uma fila de espera de lojistas". Para ele, os projetos de uso misto são interessantes para todos os envolvidos - de incorporadoras, varejistas, profissionais liberais, a prestadores de serviços e consumidores. "Para as incorporadoras, o multiuso é uma forma de aumentar a velocidade de vendas das unidades residenciais e comerciais; para o investidor, há uma minimização dos riscos e melhor remuneração do terreno; e as lojas já nascem com clientela garantida, com um patamar mínimo de demanda."

Há, porém, outros modelos de shoppings mistos - e a maioria dos nascentes prevê a convivência entre os escritórios e o público tradicional dos centros de compra, abrindo com força total nos fins de semana.

Paulo Stewart, diretor da Saphyr Gestão Total de Shopping Centers, entende que o melhor modelo de projeto misto é aquele que considera, no seu planejamento, o local, os hábitos e cultura da cidade e um bom estudo da logística de integração, como facilidades de acesso e horários de carga e descarga.

Uma das vantagens, afirma, é a combinação do uso do estacionamento: tradicionalmente, os shoppings recebem mais visitantes no período da noite e nos fins de semana, enquanto o público de escritório frequenta o local em horário comercial, de segunda a sexta. "Assim, os comerciantes têm consumidores durante toda a semana e em todos os horários."

Os projetos mistos, que inicialmente eram pensados para atender a um público de alto padrão - como o Cidade jardim, na capital paulista, lançado em 2008, agregando grandes marcas - estão chegando também à chamada nova classe média.

O Shopping Jardim Guadalupe, no Rio de Janeiro, que será inaugurado no final deste ano, volta-se para o público da região da Baixada Fluminense e zona oeste do Rio. Sua área de influência é de 1,2 milhão de habitantes, a maioria das classes B e C - e um potencial de consumo de R$ 315 milhões por mês.

"É uma região carente de opções de compra e de entretenimento e esse consumidor tem uma série de demandas reprimidas que serão atendidas ali", afirma Paulo Stewart.

O local deverá abrigar, além das lojas e serviços, um centro médico e uma universidade.

Já o Shopping Ponta Negra, que está em implantação em Manaus (AM), local de forte apelo turístico, será mais sofisticado, devendo conter torres residenciais, edifícios comerciais de alta tecnologia e um hotel. As cadeias de hotéis, por sinal, estão entre os grandes interessados nesse tipo de empreendimento, por conta do mercado para executivos.

Apesar do sucesso do modelo, os shoppings de uso misto ainda estão engatinhando - pelos cálculos de Luiz Quinta, diretor de comercialização e desenvolvimento da BR Malls, eles são apenas 10% do total de centros comerciais do país. Mas esse número, acredita, tende a aumentar muito nos próximos anos, especialmente nas cidades com 700 mil habitantes ou mais.

Adriana Colloca, superintendente de Operações da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), calcula que dos 34 shopping centers previstos para inauguração em 2012, quase 80% serão do tipo multiuso. "Boa parte ainda está no eixo Rio-São Paulo, mas muitas cidades de outras regiões têm potencial que justifica a implementação do modelo, como Fortaleza, por exemplo."

Embora existam alguns shoppings mistos em cidades como Salvador e Recife, o primeiro grande complexo integrado do gênero no Nordeste acaba de ser inaugurado em Feira de Santana, na Bahia. Ele é composto de um shopping com 200 lojas, um edifício comercial com 256 unidades para escritórios e consultórios e um hotel da bandeira Ibis, com 120 apartamentos. O centro empresarial tem acesso direto ao mall do shopping.

Segundo Edson Piaggio, coordenador regional da Abrasce na Bahia e sócio do Shopping Center Boulevard Feira, uma das razões para o empreendimento foi a constatação de que as pessoas estão procurando morar em cidades menores, próximas de grandes centros, para usufruir apenas das vantagens da proximidade destes. "Feira de Santana, com 600 mil habitantes, é a segunda cidade do Estado. A ideia é oferecer mais condições aos novos moradores e criar condições para que os antigos não migrem para a capital."

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