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CONSTRUTORES DO ABC PROJETAM CONTINUIDADE NA RETOMADA

17.01.2022

Setor iniciou recuperação ainda durante a pandemia e registra crescimentos nos lançamentos e vendas; na região, valor dos imóveis novos também sobe


Empresários da construção civil e do setor imobiliário do ABC se reuniram em 27 de outubro em Santo André durante o evento “Construindo o Grande ABC”, que promoveu debates e palestras sobre temas de interesse do setor. O cenário pós-pandemia foi o mote da agenda e o clima de otimismo em relação aos resultados econômicos para o próximo ano prevalecia entre os presentes.

O evento, que ocorre anualmente desde 2013, foi organizado Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC) e voltou a ser presencial após edição virtual em 2020 por conta da pandemia.

Milton Bigucci Júnior, presidente da entidade, declarou à Negócios em Movimento que o possível fim da pandemia dá ainda mais ânimo ao setor, que mesmo durante o período de rígido isolamento social registrou bons resultados, na contramão da maioria dos outros segmentos econômicos.

“Surpreendentemente, o setor veio bem durante a pandemia. A construção civil não foi paralisada (ela foi enquadrada como serviço essencial) e isso foi muito bom”, explica.

Aliás, a maior presença das pessoas dentro de casa favoreceu o setor, pois a população, de maneira geral, passou a perceber a importância do imóvel para a qualidade de vida das famílias.

Houve grande movimentação de pessoas procurando novos imóveis para a adaptar a rotina de trabalho, descanso e entretenimento dentro do próprio teto.

“O isolamento social ajudou o setor”, admite o executivo.

Outro fator que contribuiu para os bons resultados na construção civil durante 2020 e 2021 foi o valor da taxa Selic, que permaneceu durante longo período no menor patamar da história (2%), fator determinante para que as famílias tenham condições de acesso ao crédito imobiliário.

Contudo, nos últimos meses o Banco Central tem aumentado o valor da taxa básica de juros da economia, que agora está em 7,75%. O último aumento, de 1,5%, foi anunciado coincidentemente no mesmo dia do evento.

Bigucci Júnior projeta que o impacto não será suficiente para frear o bom momento do setor. “A Selic está subindo, mas a taxa de juros para financiamento não deve acompanhar essa elevação na mesma proporção. Vai ter um pouquinho de aumento na faixa de crédito, sim, mas nada que vai impactar tão fortemente o setor. A retomada da construção civil é sustentável e agora, no fim da pandemia, isso tende a continuar”, comenta.

O evento reuniu aproximadamente 100 pessoas. Além de empresários e demais agentes envoltos ao setor, algumas autoridades prestigiaram a agenda. Entre elas, destacam-se a presença do prefeito de Santo André, Paulo Serra, e do prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira.

Ambos aproveitaram a ocasião para enaltecer o potencial do setor para gerar empregos no ABC. Oliveira destacou que Mauá está “se preparando para receber investimentos” e convidou os executivos para visitarem a cidade para buscar oportunidades.

Em fala um pouco mais longa, o chefe do Executivo andreense sintetizou o momento econômico vivido pela cidade, destacou a retomada satisfatória nos setores de comércio e serviços e destacou que a Prefeitura de Santo André tem destinado muitos esforços para desburocratizar os processos administrativos para a criação de novos negócios e empreendimentos imobiliários.

DADOS DO SETOR

Para termos um panorama do segmento em números, precisamos recorrer ao balanço referente ao primeiro trimestre – conforme apurado pela reportagem, a causa da defasagem é a mudança em curso no Secovi em relação à estrutura responsável pela elaboração do estudo; até o fim do ano, contudo, uma nova pesquisa com recorte voltado ao ABC deve ser liberada.

Um dos principais dados daquele levantamento foi a expressiva alta no número de lançamentos na comparação com o mesmo período do ano anterior: crescimento de 73,9% na comparação com o primeiro trimestre de 2020.

A maioria destes lançamentos foi de imóveis com dois dormitórios (83%) – todos os outros foram imóveis com três dormitórios. Entre as vendas concretizadas, 65% foram de imóveis com valor entre R$ 240 mil e R$ 500 mil, seguido pelos produtos econômicos, de até R$240 mil (20%).

Um dos painéis do evento foi conduzido pelo economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, que destacou, munido de dados mais atualizados, o mesmo movimento no mercado da capital. Uma das explicações para a predominância de imóveis pequenos e populares é o programa “Casa Verde e Amarela” do governo federal, antes denominado “Minha Casa, Minha Vida”.

Embora não existam dados regionais recentes, fontes ligadas ao mercado, inclusive o prórpio Petrucci, indicam que a tendência de crescimento no número de lançamentos no ABC notada no primeiro trimestre permanece.

A MBigucci, por exemplo, começou o ano com a expectativa de concretizar quatro lançamentos. Contudo, com a demanda crescente, os planos foram readequados e a empresa terminará o ano com oito empreendimentos lançados, que totalizam 663 unidades residenciais.

Portanto, um forte aumento no indicador na comparação com 2020, quando a companhia registrou 142 unidades residenciais lançadas ao mercado.

Quando a comparação é entre janeiro a outubro de 2020 e 2021, a construtora registrou aumento de 20% nas unidades vendidas. O crescimento no Valor Geral de Vendas (VGV), no entanto, é mais expressivo: 54%.

Bigucci Júnior observa que o acréscimo no VGV denota a elevação no preço dos imóveis no ABC. “Nossos preços não se igualaram aos preços aplicados na capital, mas agora estão mais próximos”, revela.

Uma das causas que podem ter contribuído com isso foi o fato de a pandemia ter alavancado o home office, o que fez com muitas pessoas procurassem imóveis fora da capital. Essa foi a oportunidade do ABC mostrar que por aqui também há qualidade de vida, infraestrutura, serviços públicos e outros atributos, como restaurantes e estabelecimentos de lazer, reflete o executivo.

Este movimento foi comemorado pelas construtoras. “Para nós é muito bom, porque os custos são os mesmos para construir no ABC ou em São Paulo. Podemos dizer que é mais correto, mais justo. As margens (de lucro), em alguns casos, podem se igualar aquelas aplicadas na capital, o que é bom para o ABC, gera mais investimentos, empregos e impostos”, finaliza.

LEIA NA ÍNTEGRA: Negócios em Movimento

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