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NA DEFESA DOS CORRETORES

11.08.2016

Por: *Enzo Zanon










Tenho percebido que muitas matérias na mídia incentivam a compra de imóveis diretamente com o proprietário dando ênfase aos descontos de 6% a 10% se a compra for realizada sem intermédio do corretor de imóveis. Só em São Bernardo, a cada 10 imóveis vendidos, seis foram negociados sem intermediação da imobiliária. Os compradores acreditam que é a comissão do corretor que vai encarecer o preço do imóvel?

Acredito em duas possibilidades.

A primeira seria a cultura de levar vantagem em tudo. A de que procurando diretamente o proprietário, no mínimo o desconto da corretagem estaria garantido. A segunda é a própria oferta. Os donos de imóveis estão no mercado competindo com os corretores, oferecendo de maneira direta. Mas será que esse é um negócio vantajoso para o comprador?

A imobiliária e a intermediação não trabalham apenas a questão de encontrar o possível comprador. Há várias particularidades que pessoas que não estão envolvidas em relação à compra e venda de bens não dominam. Sem assessoria, comprador e vendedor não têm expertise para amarrar o interesse de cada parte dentro de um contrato. Assessoria imobiliária quem faz é o corretor de imóveis.

Além de tudo, há vários riscos de assumir um compromisso tão grande, como a aquisição de um imóvel, sem a ajuda de um profissional especializado. Um dos riscos seria adquirir imóvel com documentação inadequada. Antes de fechar o negócio é preciso analisar o acordo jurídico comercial do imóvel.

O fato importante é que somente o corretor de imóveis pode ter a correta noção do valor de mercado. Hoje há muitos proprietários anunciando diretamente no mercado porque a avaliação deles não foi aceita na imobiliária. Não há interesse das imobiliárias em comercializar propriedades que estejam acima da média do mercado. É importante que o comprador esteja a par de que o imóvel não passou pelo crivo de avaliação da imobiliária.

Outra forma de intermediação que tenta substituir os corretores de imóveis são sites e aplicativos de vendas. Essas plataformas não dão nenhuma garantia ao cliente, uma vez que simplesmente conectam as pessoas. Além disso, não podem atestar quando à questão de preço, já que as ofertas refletem a média de preço referente aos imóveis cadastrados, e não ao preço de mercado. Se o aplicativo encontra vendedor e comprador éticos e preparados para negociação, pode correr tudo bem. Infelizmente não é o que acontece na maioria das histórias.

Contudo, não acredito que a intermediação direta e a chegada da tecnologia possam substituir profissionais do ramo imobiliário. Seria um prejuízo tanto para clientes quanto para vendedores. Mas é fato que este mercado paralelo tem prejudicado o entendimento de ambos os lados quanto ao real valor de apartamentos, casas e terrenos.

No que diz respeito à locação de imóveis, também há riscos para locadores e locatários que entram em negociação direta. Se o locatório não pode oferecer garantias efetivas, procura diretamente o proprietário para quebrar garantias recomendadas pela imobiliária, como propor contrato sem um fiador. O que proprietário e cliente encaram como exigências da imobiliária visam apenas oferecer segurança para ambos.

O perfil do corretor de imóveis é de um profissional que se qualifica para atender as exigências do mercado, que está preparado para oferecer segurança e assessorar tanto proprietários quanto compradores. Abrir mão do corretor de imóveis é abrir mão dos bons negócios.

*Enzo Zanon é colaborador da Diretoria de Imobiliárias da Associação das Construtoras, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC) e diretor da Enzo Zanon Imóveis, de São Bernardo do Campo.

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