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DEMANDA POR CRÉDITO SOBE, MAS É MENOR QUE 2010

19.01.2012

Em fevereiro de 2011, o operador Cícero de Araújo, 36 anos, morador de Santo André, precisou de R$ 4. 500 para cobrir a chegada de novas despesas. Ele optou pelo crédito consignado e R$ 1.400 foram usados para pagar as mensalidades do curso técnico e o restante para bancar outras dívidas, como as prestações do financiamento do carro. “Não tinha como bancar esse total de despesas por mês, preferi pegar o dinheiro e pagar de uma vez”, diz Araújo. Com o crédito consignado a instituição financeira tem mais garantias de que a dívida será quitada, isso porque o valor é descontado no contracheque do trabalhador, o que permite reduzir os juros. Araújo, que parcelou o débito em 24 meses, paga apenas 2,6% ao mês de juros. Mesmo assim pagar juros não é nada bom. Por outro lado, muitos brasileiros, com dificuldades de pagar à vista, fazem como o morador de Santo André. De acordo com indicador Serasa Experian da demanda do consumidor por crédito, divulgado ontem, a quantidade de pessoas que procurararam empréstimo subiu 7,5% em 2011. Mas houve desaceleração em relação a 2010, quando a busca avançou 16,4%. Para o economista da Serasa, Luiz Rabi, além da comparação com o ano de 2010, quando o País teve enxurrada de boas notícias e cresceu 7,5%, pelo menos outros três fatores impactaram nos resultados. O Banco Central elevou a taxa básica de juros, Selic, até o mês de agosto e o crédito mais caro afastou clientes, como é o caso da professora de São Bernardo Denise Rodrigues, 28 anos. “Se o cartão de crédito não cobre o valor do produto que quero comprar, junto dinheiro para pagar à vista. O juro do empréstimo está muito alto”, comenta. O excesso de contas dos consumidores e o aumento da inadimplência, que após registrar dois anos seguidos de baixa, em 2009 e 2010, cresceu 5,34%, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito, também influenciaram na demanda. “Com os bancos mais seletivos (na hora de emprestar, já que o cliente pode dar o calote) e os consumidores mais endividados, não houve tanto espaço para tomar crédito”, comenta Rabi. O indicador não mostra qual foi a modalidade empréstimo mais procurada. Mas as famílias com renda entre R$ 500 e R$ 1.000 foram as que mais estimularam o crescimento em 2011. Em 2010, o cenário foi outro. Além da queda da taxa de juros, que fechou o ano em 10,75%, o governo lançou medidas fiscais e tributárias, como a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados para carros, eletrodomésticos e materiais de construção, que incentivaram as compras. CONTRAMÃO- O aposentado de Santo André João Timóteo, 65 anos, segue em ritmo contrário em relação à maioria dos consumidores. Ele nunca solicitou crédito. Todos os bens comprados até hoje foram pagos à vista. “Eu e minha esposa conseguimos viver com o nosso salário”, comenta Timóteo. Além de pagar as contas, ele poupa, em média, R$ 500 por mês para as viagens que o casal faz todos os anos. A última foi para Águas de Lindóia.

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