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SOFTWARE ACELERA LIBERAÇÃO DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO

05.05.2011

Quem já comprou um imóvel sabe que se trata de um processo naturalmente burocrático e demorado. Uma companhia brasileira de tecnologia da informação desenvolveu uma plataforma de software para por fim à lentidão desse processo. A tecnologia foi adotada pelos principais bancos que atuam com crédito imobiliário e, nos próximos meses, deve chegar às construtoras.

 

A ideia partiu de Marcos Burattini, que reuniu sete sócios para investir aproximadamente R$ 8 milhões, com recursos próprios, na criação da empresa Vivere Brasil, em 2009. Os recursos também foram destinados ao desenvolvimento de softwares de crédito imobiliário. Burattini tinha como bagagem a experiência do segmento de software para o mercado financeiro, no qual atuou como presidente da Fidelity National Soluções Brasil, divisão da companhia americana FIS Global.

O conjunto de softwares automatiza a maior parte do processo de análise de crédito imobiliário para os bancos. Tradicionalmente, a compra de um imóvel exige dessas instituições a análise da saúde financeira do comprador, da idoneidade do vendedor e das condições do imóvel - tudo isso é feito praticamente por análise de documentos impressos.

A maioria das empresas dedicadas a software para esse setor foca a gestão empresarial e a simulação de crédito. Apenas a WWI desenvolve um sistema para avaliação de crédito imobiliário. Procurada pelo Valor, a empresa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o produto deve ser lançado neste ano.

Exame de propostas para compra de empresas caiu de 180 para 9 dias, e para imóveis residenciais, de 60 para 5 dias

Burattini afirma que a maior vantagem do sistema para bancos e incorporadoras é a possibilidade de substituir o trâmite de papéis por uma gestão eletrônica do crédito imobiliário. Os processos de financiamento são classificados conforme seu risco, o que facilita a emissão dos certificados de recebíveis imobiliários (CRI), usados para financiamento de obras.

De acordo com dados do Banco Central, em 2010, foram concedidos no país R$ 138 bilhões em crédito imobiliário - montante sustentado, sobretudo, pela poupança. Mas, enquanto o crédito imobiliário cresce a uma taxa média anual de 35%, a poupança sobe 22%. Analistas do setor estimam que os recursos da poupança podem acabar até 2014, o que tem obrigado bancos e incorporadoras a acelerar as emissões de CRI. Em 2010, foram emitidos R$ 7,3 bilhões em CRIs. Neste ano, as cinco maiores companhias do setor (PDG, Cyrela, Brookfield, MRV e Rossi) financiaram a construção de mais de R$ 1 bilhão em apartamentos com esses certificados.

O software da Vivere é dotado de um algoritmo que identifica grupos de informações nos documentos usados na análise de crédito imobiliário. A partir da análise desses dados, o software produz relatórios que indicam para a instituição financeira se a operação pode ou não ser aprovada. A plataforma dispõe de um sistema de comunicação, que envia mensagens de celular e e-mails informando às diferentes áreas do banco sobre o resultado de análise da operação.

De acordo com Burattini, os bancos precisam apenas digitalizar os documentos para dar início ao processo. "Com a eliminação da participação humana nessa fase da análise, o banco obtém um ganho de produtividade de até 80%", afirma Burattini. De acordo com o executivo, o tempo médio de avaliação de crédito foi reduzido de 180 para 9 dias, no caso de aquisição por empresas, e de 60 para 5 dias, para operações com imóveis residenciais.

O programa foi adotado inicialmente pelo Itaú-Unibanco, em 2009. Hoje, Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e HSBC - que juntos comandam 98% do mercado de crédito imobiliário no país - estão em diferentes fases de implantação. "A meta para este ano é atingir também o mercado de construtoras e incorporadoras, que financiam a venda de imóveis", afirma Burattini.

Em 2010, a Vivere encerrou o ano com receita líquida de R$ 10 milhões, ante R$ 1,8 milhão alcançado no ano anterior. Com a expansão do uso do software nos bancos e a venda para construtoras, Burattini prevê elevar a receita neste ano para R$ 80 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de 38% em 2010 e a estimativa da companhia é elevar esse indicador para 70%. A Vivere não divulga dados de seu balanço fiscal. "A meta para cinco anos é chegar a uma receita líquida de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões", diz.

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