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INCORPORADORAS AINDA VIVEM FASE DE AJUSTES

19.11.2012

Embora não haja consenso, na avaliação do mercado, se o pior momento vivido pelas incorporadoras de capital aberto já passou, está claro que a conclusão do processo de ajustes, que inclui retomada da rentabilidade histórica, redução dos níveis de endividamento, e geração de caixa operacional ocorrerão, para parte das empresas, somente em 2013 ou até mesmo em 2014. A melhora de margens é obtida à medida que os projetos das safras menos rentáveis, de 2007 e 2008, são entregues, que os projetos, cujos estouros de custo foram contabilizados, deixam de fazer parte do balanço das empresas e que as despesas gerais e administrativas são ajustadas às novas dimensões das empresas. O setor continua vivendo momento de redefinição de qual o melhor tamanho para as margens almejadas. "As incorporadoras viveram sua fase de euforia até 2011 e agora estão na etapa de ajuste", afirma o analista da analista do setor imobiliário da CGD Securities, Flávio Conde. Com obras em fase final, novos ajustes de orçamento e itens não recorrentes que afetam os resultados, como provisões para atrasos, ainda podem ser anunciados. Na avaliação o analista de construção civil da BES Securities, Eduardo Silveira, em linhas gerais, os resultados do setor "decepcionaram". Os principais pontos negativos dessa temporada foram, segundo Silveira, consumo de caixa e endividamento, margens brutas pressionadas e o aumento da participação das despesas operacionais em relação à receita, devido ao descompasso de o setor estar entregando muito mais que lançando. O cenário não é homogêneo para as incorporadoras de capital aberto. Do ponto de vista de geração de caixa operacional, por exemplo, uma das prioridades nesta fase vivida pelo setor, algumas empresas já chegaram à condição de ter fluxo positivo, como Cyrela Brazil Realty, Gafisa e Even Construtora e Incorporadora. Outras, como PDG Realty e Rossi Residencial continuam consumindo caixa operacional. A Rossi diz que vai gerar caixa "em breve", PDG projeta o fluxo de caixa positivo para 2013, e Brookfield Incorporações, para 2014. Em relação à rentabilidade medida pela margem bruta, de um lado, estão incorporadoras como Helbor, Cyrela, e Gafisa, que trouxeram elevação desses indicadores. A Helbor tem uma das maiores margens do setor e Cyrela - a primeira incorporadora a divulgar grande ajuste de orçamento - vem tendo melhora gradual na rentabilidade. Gafisa deu início ao seu processo de reestruturação há um ano. Na ponta de quem reportou queda nas margens, Rossi tem registrado aumento das rescisões de contratos e espera que o nível dos distratos continue "relativamente alto". A Rossi está conseguindo revender, rapidamente, os imóveis, segundo informou, mas o mix dos cancelamentos fez com que sua margem caísse. A Tecnisa teve os resultados afetados por despesas não recorrentes, como provisão para indenizar clientes com obras em atraso e possíveis perdas com créditos efetuados a parceiros. PDG e Brookfield também tiveram redução de margem bruta no trimestre. A Brookfield informou expectativa que, no quarto trimestre de 2013, sua margem bruta fique entre 28% e 30%. A MRV Engenharia tem, em andamento, operação referente à entrada de recursos na controlada de logística Log Commercial Properties e, se esse processo não for concluído neste ano, a meta de margem Ebitda de 24% a 28% para 2012 não será alcançada, conforme informou a companhia. O processo envolve a entrada de um novo investidor na Log. Ainda que em menor escala que nos períodos anteriores, o fantasma do ajuste de custos continua dando mostras que não deixou o setor. A Viver Incorporadora reportou R$ 109,9 milhões de revisão de orçamentos no balanço do terceiro trimestre, devido ao aumento do prazo para a conclusão de projetos, do descasamento entre o reajuste de insumos e o INCC (índice utilizado para ajustar o orçamento de obras) e da solicitação de mais de serviços por empreiteiras contratadas. Nova rodada de cortes no Valor Geral de Vendas (VGV) a ser lançado foi anunciada nessa temporada de balanços, caso de Rossi, Gafisa e Trisul. Tecnisa informou que não deve cumprir sua meta de lançamentos para o ano e Even sinalizou que pode não alcançar a respectiva projeção. PDG deixou de fornecer, ao mercado, guidance para 2012. MRV, que tem meta de vendas, informou que pode não alcançá-la.

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