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CRESCE DISPUTA PELA ANÁLISE DE CRÉDITO

01.12.2010

Com o Brasil prestes a dar um salto no crédito de longo prazo pela via do financiamento imobiliário e de obras de infra-estrutura, são as empresas provedoras de informações de análise que se armam nos bastidores. De um lado está a americana Equifax, com pouco mais de uma década de atuação no país. De outro, está a tradicional Serasa Experian, que traz na bagagem uma trajetória de mais de 40 anos e praticamente criou o serviço cadastro unificado para o sistema financeiro nacional (SFN). Outra que acaba de chegar ao mercado é a Boa Vista Serviços, iniciativa conjunta da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) com o fundo de "private equity" TMG.

 

O crédito como proporção do PIB deve fechar 2010 na casa dos 50%, com o estoque superando o R$ 1,65 trilhão. Para os próximos anos, a expectativa é de que tenha uma aceleração, chegando à 70% do conjunto das riquezas até 2014, conforme previu, recentemente, o vice-presidente de gerenciamento de risco do Citi, Victor Loyola. "Nas economias maduras, o grande salto do crédito se deu quando passou a haver oferta de crédito imobiliário, situação que o Brasil começa a vivenciar."

Sob esse pano de fundo, o mercado brasileiro ganhou importância estratégica no mapa da americana Equifax. Pela primeira vez na sua trajetória no país, a subsidiária vai ter um presidente exclusivo para tocar as operações locais. O escolhido para a empreitada é Elias Sfeir, egresso da AT&T. A sua missão será dar mais robustez à franquia brasileira, que representa uma fatia ainda pequena no resultado global da empresa.

Pelas demonstrações financeiras de 2009, 75% das receitas operacionais da Equifax, de US$ 1,8 bilhão, foram originadas nos EUA, com outros 7% no Canadá, 6% no Reino Unido e 8% em outros mercados. O Brasil ocupava a lanterna, com participação de 4% e uma contribuição de US$ 82,3 milhões.

No segmento corporativo, com clientes como Casas Bahia, Marisa, Itaú, Bradesco, SulAmérica Seguros, Claro e TIM, a Equifax é bastante conhecida. Mas entre as pessoas físicas não é tão popular como a concorrente Serasa, que acabou virando sinônimo de restrição financeira. Criada em 1968, por iniciativa conjunta dos próprios bancos, transformou-se no maior birô de crédito do mundo fora dos EUA, quando a britânica Experian adquiriu o controle da empresa, em 2007. O desembolso de R$ 2,2 bilhões à época já dava pistas de quanto a tecnologia de análise ganharia relevância.

"Num mundo em crise, o Brasil vai crescer 7% neste ano e nos próximos cinco anos será o crédito que vai dar impulso para a atividade econômica", diz Sfeir. Um dos grandes desafios do setor, diz, é prover um histórico de crédito para a população emergente, representada por 34 milhões de brasileiros, que ascendeu socialmente e ainda não têm cadastro construído. "Essa será a mola que vai impulsionar o consumo interno e, para isso, é preciso deter tecnologia massiva de dados." Para fortalecer a sua base no segmento de pessoa física, a Equifax vem trabalhando na aquisição de dados do varejo, que há muito aprendeu a dar crédito para a população não-bancarizada.

Além das grandes contas de varejo, a ênfase da Equifax prosseguirá nos setores de telecomunicações, bancos, associações e pequenas e médias empresas. Adicionalmente ao fornecimento bases cadastrais com perfil socioeconômico e variáveis demográficas para análise de crédito e prevenção a fraudes, a empresa vem fortalecendo a linha de informações customizadas para ações de marketing e programas de fidelização de clientes.

Trata-se de estratégia muito parecida com a delineada pela Experian, conforme o reporte financeiro divulgado novembro, com os dados do semestre encerrado em setembro. "Nós continuamos a ver um forte momento na América Latina, com crescimento orgânico de receitas de 22%. Enquanto esse resultado foi puxado pelo crescimento excepcional em receitas de autenticação, os fundamentos no Brasil são altamente favoráveis", escreveu a corporação, citando as baixas taxas de desemprego e a expansão da classe média. Na região, as receitas alcançaram US$ 350 milhões. As rendas totais do grupo somaram US$ 2 bilhões.

Já a Boa Vista, avaliada em R$ 800 milhões, começou a operar há menos de um mês. No comando da operação está Dorival Dourado, que ocupava a vice-presidência executiva de desenvolvimento de produtos da Experian nos EUA. Dourado ingressou na Serasa em 2004 e foi o primeiro executivo da subsidiária brasileira a ocupar um cargo de destaque global na Experian. (Colaborou Aline Lima)

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