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GARGALO DE CRÉDITO PARA IMÓVEIS OCORRERÁ EM 2 ANOS

05.07.2011

Poderá faltar recursos para o crédito imobiliário em dois anos se o cenário atual for mantido, afirmou ontem, na Espanha, o presidente do Santander Brasil, Marcial Portela. Para ele, é preciso resolver a falta de poupança de longo prazo no País, de forma a evitar o estrangulamento dos financiamentos.

O executivo prevê aumento de 40% para o crédito imobiliário no Brasil neste ano. Em contrapartida, os bancos têm à disposição somente mecanismos de captação de recursos (funding) de curto prazo, ao contrário do que ocorre em outros países. Ele avalia que é necessário criar instrumentos de prazos mais amplos, além de desenvolver o mercado secundário de títulos imobiliários.

Hoje, os bancos captam recursos de curto prazo e alegam que isso dificulta a concessão de crédito de longo prazo. "Isso precisa ser resolvido com certa agilidade porque pode haver gargalo de financiamento no Brasil", disse Portela.

O executivo não acredita na ocorrência de bolha imobiliária no Brasil, já que o crédito dessa área representa apenas 5% do PIB. Ele reconhece que os preços das propriedades estão subindo bastante, especialmente em São Paulo. "Há sentido se preocupar daqui a cinco anos, mas falar disso hoje é uma brincadeira."

Basileia 3 – O Grupo Santander acredita que se preparou para o novo ambiente de regulação global mais apertada e, por isso, deve sentir menos o impacto das normas adicionais que entrarão em vigor. "Isso vai afetar mais os nossos concorrentes", afirmou o diretor-geral para as Américas do Grupo Santander, Francisco Luzón.

Os bancos terão de reforçar sua base de capital para se adaptar às regras de Basileia 3. Pelo acordo, o índice de capital de alta qualidade (tier 1) terá de subir para 7% até 2019. Além disso, como reflexo da crise global, o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) decidiu recentemente que as instituições globais, que podem representar risco sistêmico, precisarão de esforço adicional entre 1% e 2,5%, o que elevará o indicador para entre 8% e 12% até 2019.

Luzón disse que o Santander está entre as grandes instituições a serem enquadradas pelo BIS. "Nosso índice de capital está hoje em 9%, o que nos permite cumprir a nova regra."

Latinos – O Santander tem estratégia de crescimento orgânico na América Latina como banco comercial, provendo crédito e novos produtos. O objetivo é aproveitar o aumento da classe média e a ascensão social registrada em outros países da região. "A intenção é acompanhar esse fluxo, pois nunca vi uma transformação tão rápida como essa", disse Marcial Portela, a jornalistas.

Luzón, prevê que a América Latina crie mais 25 milhões de clientes bancários para todo o sistema em até quatro anos. "Queremos atrair de 15% a 25% desse aumento", afirmou.

O banco tem 40 milhões de clientes na AL, onde busca expandir a área de microempresas – com atuação no Chile e com experiências no México. No Brasil, o banco possui R$ 1 bilhão em microcrédito. 

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